Se nos últimos sete meses uma câmara tivesse filmado em permanência o exterior da Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, em Lisboa, o vídeo, visto agora em time lapse (modo acelerado), revelaria muito mais entradas do que saídas. Não de fiéis, mas de sem-abrigo que fizeram morada informal do jardim e dos arruamentos em redor.
Mostraria como, em tão curto espaço de tempo, o pequeno condomínio de lona que aí existia, de 12 tendas, a um canto, se transformou quase num pequeno bairro, 40 vezes maior, contabilizando esta semana 71 locais de pernoita. Porque já não são só tendas. Há também barracas, construídas com madeira e lona e colchões sobre paletes a fazer de chão, geminadas em filinha ao longo do gradeamento da Rua Álvaro Coutinho. O passeio desapareceu. Parece um campo de refugiados no centro da cidade.