Uma campanha de angariação de fundos para os afetados pelas cheias no Brasil, especialmente no estado do Rio Grande do Sul, correu tão bem que foi necessário suspender a recolha de donativos. A iniciativa foi lançada na terça-feira e, três dias depois, a organização anunciou a suspensão de uma ação que foi “um sucesso”. Na Rua da Prata, na baixa de Lisboa, o Expresso encontrou várias caixas de roupa, comida e outros bens na frente de uma loja, onde um cartaz remete para um contacto da mesma organização.
“Todos os nossos armazéns de Lisboa e arredores estão lotados e por esta razão estamos suspendendo temporariamente o recebimento de donativos. Neste momento, o trabalho de triagem e logística interna é enorme e, por isso, voluntários são necessários”, disse a página SOS RS em Portugal, numa publicação no Instagram.
A organização elogiou o ativismo dos que ofereceram ajuda, especialmente da grande diáspora brasileira a viver em Portugal. Mas os armazéns que acumulam os donativos solidários de muitas pessoas - que atingem as quatro toneladas - estão completamente cheios e um voo que devia partir esta sexta-feira, afinal, não aconteceu.
Segundo avançou o Notícias ao Minuto, e que foi mais tarde confirmado por Camila Fernandes, do movimento SOS RS em Portugal, houve um “lapso” no anúncio, e explicou que as dificuldades da campanha são apenas logísticas.
“Isto é uma iniciativa privada. Não tem envolvimento do Governo português. A gente não tem ainda confirmação de como vai levar todos estes bens para o Brasil, mas vai chegar”, disse. A porta-voz indicou ainda que “o transporte para o Brasil está em negociações”, mas muitos utilizadores criticaram a organização em comentários ao vídeo, lamentando o acumular de bens.
O Notícias ao Minuto dá conta que várias celebridades brasileiras estão a promover o movimento SOS RS em Portugal, procurando ajudar a que a campanha ganhe notoriedade para conseguir enviar os bens.
No entanto, há dois dias, o Consulado do Brasil em Lisboa e no Porto afastou-se da campanha, publicando um comunicado no Instagram em que dizia não ter “qualquer relação com iniciativas pessoais referentes a doações de bens e valores aos afetados”. “Recomenda-se aos interessados em realizar doações de qualquer espécie informarem-se sobre as iniciativas e os meios oficiais disponibilizados pelo Governo Federal e pelo governo do Rio Grande do Sul”, acrescenta o consulado.