Exclusivo

Sociedade

Sobrinho Simões: “O que vejo mais são casos em que o médico exagerou. Disse que era maligno e não era”

Na era de inteligência artificial, o que nos falta saber do cancro? O que andámos a fazer de errado e que caminho ainda temos para andar? Manuel Sobrinho Simões está preocupado. É o sobrediagnóstico e o sobretratamento da doença aquilo que lhe causa mais angústia, numa altura em que se sabe haver mais 3% de casos por ano em Portugal, apesar de a doença estar cada vez menos letal. Aos 76 anos, o “patologista mais influente do mundo” continua a ver apaixonadamente ao miscroscópio, a ir todos os dias para o instituto que fundou, no Porto, e, ainda assim, a ter medo da doença que estudou toda a vida

Sobrinho Simões é médico especialista em diagnóstico e investigação em cancro, professor emérito da Universidade do Porto e o fundador do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).
RUI DUARTE SILVA

Vencedor de inúmeros palmarés e considerado o “patologista mais influente do mundo” pela revista britânica The Pathologist, Manuel Sobrinho Simões continua a ir todas as manhãs para o Hospital de São João e todas as tardes para o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, que fundou há 35 anos.

A pretexto da terceira edição da iniciativa “Tratar o Cancro por Tu”, em que percorre o país em contacto com a população para desmistificar o cancro, o professor e cientista falou com o Expresso.

Aos 76 anos, continua fascinado com as células e com a vida das doenças – mas ainda mais com a saúde. E confessa também ter medo da doença que estudou toda a vida, apesar de a tratar por tu. Mais que isso: trata o cancro como se fosse ele próprio um ser com o qual se habituou a comunicar.

A segunda parte desta entrevista pode ser lida aqui.