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“Não há um único pesticida inócuo, que possa garantir a segurança das populações”, diz toxicologista

O recuo da Comissão Europeia no corte do uso de pesticidas na agricultura é visto como “um retrocesso” pelo especialista em toxicologia Ricardo Dinis-Oliveira. Em entrevista ao Expresso, lembra que resíduos destes compostos chegam às pessoas através dos alimentos, da água e do ar com consequências para a saúde
Foto Rui Duarte Silva

O investigador e professor no Instituto Universitário de Ciências da Saúde, do Porto, e presidente da Associação Portuguesa de Ciências Forenses, Ricardo Dinis Oliveira, explica que a saúde humana acaba sempre por ser afetada pelo uso de produtos químicos cada vez mais potentes ao mesmo tempo que estamos a desregular o ambiente.

O recuo de Bruxelas em cortar em 50% o uso de pesticidas na agricultura até 2030 é uma má decisão em termos de saúde pública?

O recuo da Comissão Europeia é um retrocesso do ponto de vista da saúde, sem dúvida. O corte progressivo de uso de pesticidas permitiria diminuir os impactos dos efeitos tóxicos deste tipo de substâncias O recuo deveria ser apenas temporário e a União Europeia deveria apresentar uma solução com alternativas que pudessem começar a proporcionar o desmame da utilização deste tipo de substâncias em prol de uma agricultura mais sustentável. Como o próprio nome pesticida indica, serve para matar pestes e evitar a perda de colheitas infestadas por fungos ou insetos, por exemplo. Com pequenas modificações, alguns pesticidas são transformados em armas químicas, como os gases de nervos usados na Síria.