“Deste lado é a freguesia de Lamas do Vouga, daquele lado é Macinhata”, aponta Gracinda. “Há famílias separadas por 500 metros, com gente que vive de um lado e do outro do rio. Agora, para comunicarmos, tem de ser por telefone. Estamos a perder contacto com a população do lado de lá”, queixa-se ao Expresso. Antigamente, bastava atravessar a ponte velha de Vouga, construída no início do século XIII, para chegar à outra margem do rio. “Todos os dias, assim rente à noite, ia caminhar com uma vizinha. Íamos por aqui fora. Atravessávamos a ponte e estávamos logo na freguesia de Macinhata”, recorda Gracinda Fernandes.
Tudo mudou a 12 de novembro de 2011, quando parte central do tabuleiro desabou. Gracinda e o marido foram as últimas pessoas a passar em cima da ponte. Foi ela a primeira a dar o alerta. “Para lá passámos a pé, para cá já tivemos de vir à volta, de carro com um senhor que nos trouxe”, conta a senhora, de 66 anos, para quem “a ponte não morreu de morte súbita, morreu de doença prolongada”.