Exclusivo

Sociedade

“A ponte não morreu de morte súbita, morreu de doença prolongada”: o “jogo do empurra” para reabilitar ponte de Vouga arrasta-se há 12 anos

A histórica ponte de Vouga, construída no século XIII, “foi umas das grandes pontes do seu tempo” e é um “objeto raro” que “não oferece nenhuma dúvida sobre a sua autenticidade”. Condenada ao esquecimento, um dos pilares acabou por ceder e parte do tabuleiro caiu em novembro de 2011. Nada foi feito para a reconstruir desde então. A Câmara de Águeda diz não ter dinheiro para a reabilitação e pede a classificação para facilitar o acesso a financiamento. A DGPC defende que o município tem de reabilitar a ponte e só depois é possível avançar para a classificação. Investigadores criticam o “jogo do empurra” e a “atuação de secretaria, meramente burocrática”

FERNANDO VELUDO / NFACTOS (EXCLU

“Deste lado é a freguesia de Lamas do Vouga, daquele lado é Macinhata”, aponta Gracinda. “Há famílias separadas por 500 metros, com gente que vive de um lado e do outro do rio. Agora, para comunicarmos, tem de ser por telefone. Estamos a perder contacto com a população do lado de lá”, queixa-se ao Expresso. Antigamente, bastava atravessar a ponte velha de Vouga, construída no início do século XIII, para chegar à outra margem do rio. “Todos os dias, assim rente à noite, ia caminhar com uma vizinha. Íamos por aqui fora. Atravessávamos a ponte e estávamos logo na freguesia de Macinhata”, recorda Gracinda Fernandes.

Tudo mudou a 12 de novembro de 2011, quando parte central do tabuleiro desabou. Gracinda e o marido foram as últimas pessoas a passar em cima da ponte. Foi ela a primeira a dar o alerta. “Para lá passámos a pé, para cá já tivemos de vir à volta, de carro com um senhor que nos trouxe”, conta a senhora, de 66 anos, para quem “a ponte não morreu de morte súbita, morreu de doença prolongada”.