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Produção de combustíveis fósseis duplica até 2030 e devia ser cortada para metade: estamos a fazer precisamente o contrário do que devíamos

Apesar da retórica de combate à emergência climática, continua a aumentar a produção de petróleo, gás e carvão, impedindo que se trave a emergência climática em curso. Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) indica que o fosso entre a realidade e os objetivos se acentua e só os 10 países mais ricos são responsáveis por se ultrapassar a meta de 1,5°C

Lukas Schulze

Parece um disco riscado, mas são os factos científicos. Longe de cumprir as promessas de cortar para metade as emissões de gases de efeito de estufa até 2030 e de apostar numa transição energética equilibrada, o plano desenhado pelos governantes mundiais é “produzir mais 110% de combustíveis fósseis em 2030 do que o considerado compatível com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C; e mais 69% do relativo à meta de 2°C”, até ao fim do século (por comparação à época pré-industrial). Isto quando o compromisso era cortarem para metade.

Esta é uma das principais constatações de mais um relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), apresentado esta quarta-feira, a menos de um mês de se realizar a 28ª Conferência das Partes da ONU sobre alterações climáticas (COP28). E vem reforçar outro de há um ano, que já apontava para que o planeta se encaminhe para uma subida da temperatura média de 2.6°C.