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Subida do nível do mar duplicou numa década: Terreiro do Paço pode ficar um metro debaixo de água no final do século

Aquecimento do oceano e degelo de calotes polares contribuem para a aceleração

Vista aérea do Terreiro do Paço, em Lisboa.
ANA BAIÃO

A ciência não tem dúvidas de que a subida do nível médio do mar está a acelerar. Resta é saber a data em que as águas de um estuário como o do Tejo vão começar a galgar as margens e, por exemplo, deixar o Terreiro do Paço “submerso num metro de água, duas vezes por dia na maré cheia”. Este é um cenário projetado pelo investigador Carlos Antunes, tendo como pano de fundo as marés vivas quinzenais e uma subida de um metro no nível médio do mar até ao final do século, retirando dos cálculos as intempéries como as que inundaram Alcântara ou Algés, em novembro de 2022.

Relembrar estes cenários torna-se importante, uma vez que “o nível médio do Atlântico Norte está a subir duas ou três vezes mais rápido na última década do que subiu nos últimos 30 anos e quatro vezes mais rápido do que há 100 anos”, aponta o especialista em engenharia geoespacial da Faculdade de Ciências de Lisboa (FCUL). Com base em dados de instituições científicas internacionais como a americana NASA, o investigador constata que relativamente à subida das águas que banham a Península Ibérica a oeste “já assistimos a mais do que uma duplicação da taxa de subida nesta última década”, tendo passado de um aumento de 2,6 mm/ano (1993-2009) para 5,9 mm/ano, no período 2009-2022” (ver gráfico).