Exclusivo

Sociedade

A vida adiada dos jovens portugueses: “A questão estrutural é o mercado de trabalho”

Lia Pappamikail, socióloga, explica como a tardia saída da casa dos pais pelos jovens portugueses não está desagregada dos baixos salários praticados no país: são vítimas de um mercado de trabalho assente em salários baixos e são os segundos mais mal pagos, apenas atrás da Grécia

Manuela trabalha em limpezas no mesmo hotel há 12 anos, com a saúde já a ressentir-se. "O salário é muito baixo, e isto mata. Muitas vezes saio cheia de dores nas costas e quase não consigo andar de cansaço"
Ana Baiao

Um jovem que até aos 30 anos aufira um salário baixo, perante os preços da habitação e o custo de vida em geral, terá maior dificuldade em se autonomizar mesmo passada essa “fronteira” de idade. É este o entendimento da socióloga Lia Pappamikail, membro do Observatório da Juventude.

Por consequente, a falta de autonomia atrasa alguns ciclos de vida. A fatura pode chegar para outras gerações, com o desequilíbrio do “contrato social”.

Por que razão os jovens saem cada vez mais tarde de casa dos pais?

Se olharmos para os jovens até aos 24 anos, deve-se ao facto de estarem a frequentar o ensino superior. Já os jovens da faixa etária seguinte, dos 25-34 anos, estarão em plena vida ativa e numa idade de maior autonomização e de construção de um percurso profissional. Neste segundo grupo, sem dúvida que a razão estrutural tem que ver com o mercado de trabalho e as dinâmicas de funcionamento, cuja precariedade e baixos salários afetam mais os jovens do que os seniores. Outro fator conhecido e muito discutido são as insuficiências do mercado de habitação, um fenómeno que não está a afetar só as grandes cidades, mas a avançar paulatinamente para o interior do país e para as cidades médias.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.