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Portugal na cauda da Europa na pontualidade dos comboios

Num ano marcado por greves, em 2022 o número de reclamações sobre pontualidade dos comboios em Portugal foi o mais elevado dos últimos quatro anos. O país era, em 2019, o que tinha pior índice de pontualidade, de um total de 16 países europeus analisados

José Fernandes

O comboio circula entre as estações de Sete Rios e de Benfica, no sentido Lisboa-Sintra. Sobrelotado como está, neste dia de greve de funcionários da CP em que tinham sido suprimidos mais de 740 comboios, muitas das suas portas mal fecham tal é a concentração de pessoas no interior. Algumas começam a sentir-se mal, com dificuldade em respirar, e o pânico instala-se de tal forma que são os passageiros que acionam o travão de emergência, fazendo parar imediatamente o comboio. Sem perceber o sucedido, várias pessoas entram em pânico e começam a tentar abrir as portas e a partir os vidros para o ar circular — alguns conseguem fazê-lo antes de a PSP e de os Bombeiros chegarem ao local, caminhando pela linha em direção à estrada ou à estação mais próxima, Benfica. Uma mulher, que se sentiu mal, foi assistida e transportada para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

O episódio, ocorrido em março deste ano, não é caso isolado na linha de Sintra. Ainda no final de junho uma avaria técnica obrigou um comboio a parar entre as estações da Damaia e de Benfica e, devido ao calor e à sobrelotação das carruagens, três pessoas foram assistidas e, destas, duas encaminhadas para o hospital.

“Falta um comboio, sente-se logo o impacto na viagem seguinte, que se torna muito penosa”, resume ao Expresso Miguel Rato, da Comissão de Utentes da Linha de Sintra, realçando que a pontualidade e a regularidade dos comboios são as maiores dificuldades com as quais se deparam.