O estudo que coordenou traz más notícias relativamente à saúde mental dos adolescentes portugueses, com agravamento de praticamente todos os indicadores de mal estar psicológico. É um reflexo do impacto da pandemia?
Não podemos atribuir este agravamento de uma forma causal à pandemia, mas o facto é que durante este período houve um contexto de pandemia, primeiro, e depois de guerra e recessão económica, que afetou muito os nossos adolescentes. O inquérito foi realizado no final de fevereiro, março e abril deste ano. Ou seja, já tinha começado a guerra, já havia um princípio de recessão e tínhamos ainda o desgaste de dois anos de pandemia. Nas últimas semanas reunimos, em quatro escolas, com jovens que tinham feito o questionário e estivemos a devolver-lhes os resultados. Grande parte deles identifica este agravamento do mal-estar em si e no seu grupo de amigos e atribui à pandemia, nomeadamente ao isolamento social, à falta de estar com os amigos de forma presencial, ao facto de ter ficado em casa tanto tempo e de ter estado sozinho. Apesar de já ter passado algum tempo, ainda falam desse período com alguma intensidade.