Sociedade

Incêndios. Governo decreta situação de contingência para “enfrentar a complexidade dos dias que vamos ter pela frente”

Entre 11 e 15 de julho, país fica em situação de contingência. É a primeira vez que tal acontece por causa dos incêndios, adianta o ministro da Administração Interna. Noite deste sábado prevê-se difícil

NUNO ANDRÉ FERREIRA/Lusa

O Governo decretou a subida do nível de alerta para situação de contingência entre os dias 11 e 15 de julho. Em causa está o número crescente de fogos pelo país, a que se junta a previsão de “agravamento das condições meteorológicas” nos próximos dias.

Em conferência de imprensa, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, adianta que esta é a primeira vez que o Governo sobe o nível para situação de contingência por causa dos incêndios. E conta que vai ser feito um reforço de até 100 equipas de bombeiros.

Todos os meios de que o país dispõe ficarão sob coordenação da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil” (ANEPC), explica José Luís Carneiro, garantindo que esta é uma medida de “caráter preventivo”.

Apesar da complexidade da situação, que levou o mesmo ministro a dizer ao início da tarde que está criada a “pior conjugação de fatores desde Pedrógão Grande”, o Governo garante que o país está mais preparado. José Luís Carneiro diz que é preciso “evitar situações alarmistas” e “ter a consciência de que desde 2017 tem vindo a ser desenvolvido um trabalho de grande intensidade, transformação e capacitação das instituições e das forças”. Passam cinco anos sobre a tragédia dos grandes incêndios de Pedrógão Grande.

Ainda assim, o ministro voltou a colocar a tónica no comportamento individual, para dizer que só mesmo a responsabilidade — “evitar fogo, o uso de máquinas agrícolas ou florestais”, enumerou — “permite enfrentar a complexidade dos dias que vamos ter pela frente”. Aliás, o ministro disse mesmo que “mais de 50% dos incêndios até agora tiveram origem na negligência”.

Há 125 fogos ativos no país

Portugal tem neste momento 125 incêndios ativos, segundo as contas da ANEPC. No briefing das 19 horas, o presidente da Proteção Civil, André Fernandes, destacou três dessas ignições que “mais preocupam” as autoridades: em Carrazeda de Ansiães, Bragança, Ourém, no distrito de Santarém, e Ansião, em Leiria.

O maior número de incêndios está, porém, nas zonas de Lisboa e Porto e, reforça André Fernandes, é preciso “inverter a tendência crescente de ignições”. As autoridades já reforçaram os meios de combate, isto depois de nas últimas 48 horas terem sido registados um total de 12 agentes da Proteção Civil feridos, sem gravidade, e 17 pessoas assistidas, também sem necessidade de cuidados de maior.

Questionado sobre uma previsão de descida da temperatura entre domingo e segunda-feira, com nova subida na terça, o presidente da ANEPC responde que “a temperatura não está relacionada com o aumento de ignições”, porque esse “tem várias causas”. O que as temperaturas elevadas fazem é “potenciar a progressão dos incêndios”, facto que preocupa agora as autoridades.

As condições meteorológicas previstas para esta noite “não deixam muita margem de manobra”, uma vez que se prevê vento com alguma intensidade, humidade relativa baixa e uma temperatura mínima acima dos 25 graus. “Não vai facilitar o combate”, conclui André Fernandes.