Exclusivo

Sociedade

O “desempacotar” de um novo capítulo para defender o oceano a partir de Lisboa conta para já com €10 mil milhões

Uma “grande onda”, uma “mudança de maré” neste ano de 2022 são algumas das frases que alguns dos principais protagonistas da Conferência dos Oceanos, que terminou esta sexta-feira em Lisboa, sublinham como síntese do maior evento internacional alguma vez realizado em na capital portuguesa. No final do plenário, o Presidente da República falou de "ação" e de "paixão"

O Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa; o subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Jurídicos Miguel Serpa Soares; e o Secretário do Gabinete do Meio Ambiente do Quênia Keriako Tobiko
Vasco Neves

Um novo capítulo em defesa da saúde dos oceanos deu passos nos últimos cinco dias na capital portuguesa. E, como esperado, a segunda Conferência dos Oceanos da ONU, aprovou a Declaração de Lisboa (já negociada previamente) e sem grandes sobressaltos.

Entre os seus 17 pontos, a Declaração assume a urgência de salvar os oceanos, a ligação estreita entre estes e as alterações climáticas, e a necessidade de “aumentar a ação, baseada na ciência e na inovação, e encontrar soluções e parcerias para as pôr em prática”.

Mas esta foi, também, uma conferência que agregou bilateral e multilateralmente mais de dois mil compromissos entre entidades privadas, públicas, filantrópicas, assim como de organizações governamentais e não governamentais.

Dez mil milhões de euros para salvar o oceano

Pelo menos “10 mil milhões de euros em investimentos” foram prometidos – €7 mil milhões pela União Europeia, €250 milhões pelo Banco Europeu de Investimentos, e €1100 milhões pela Austrália – segundo um primeiro balanço anunciado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, durante a conferência de imprensa final. Provêm de entidades públicas e privadas e visam apostar na chamada Economia Azul Sustentável, incluindo tanto investimentos para salvar a grande barreira de coral australiana, como para recuperar sapais e pradarias marinhas em várias partes do mundo ou, por exemplo, melhorar a resiliência climática e a gestão da água na região das Caraíbas, assim como para investimentos em energias renováveis offshore ou em aquicultura nos oceanos. Talvez seja o início do fim de se olhar para o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 14 (ODS14) como o menos financiado de todos até agora.