Já arrancou a Conferência dos Oceanos da ONU, a decorrer até sexta-feira em Lisboa. Durante a sessão de abertura na manhã desta segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Moedas defenderam ser tempo de ambição para "recuperar o tempo a mais que perdemos".
A primeira sessão do plenário da ONU foi aberta pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. A palavra passou então para o Presidente português, que deu as boas-vindas aos milhares de pessoas, incluindo líderes mundiais, cientistas, empresas e ativistas, que irão reunir-se esta semana no Parque das Nações.
A Conferência dos Oceanos, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, ocorre “no momento certo, no sítio certo, com a abordagem certa e com o secretário-geral da ONU certo”. “Os regimes, poderes institucionais e políticos vão. Os oceanos ficam. Têm milhões de anos e antecedem o ser humano. Perduraram outros milhões, desde que cuidemos deles."
Por isso, acrescentou, "temos de recuperar o tempo a mais que perdemos e dar uma hipótese à esperança. Mais uma vez, antes que seja tarde demais". A pandemia e guerra não podem ser “desculpas” para adiar os desafios estruturais de longo prazo. “Esta deve ser a conferência do desconfinamento e ambição.”
Referindo-se à história nacional para justificar Lisboa como o palco certo para este encontro, o Presidente afirmou que “Portugal é o que é por causa do Oceano". "É uma plataforma entre os oceanos, continentes, culturas e civilizações. No passado, no presente e no futuro."
As ligações da Portugal e sua capital ao mar foram também o ponto de partida para o discurso de Carlos Moedas, que se dirigiu aos presentes minutos antes da abertura da sessão. Lembrando o valor simbólico da Torre de Belém e os Descobrimentos portugueses, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa pediu ambição e coragem para que a conferência de Lisboa seja lembrada como um ponto de viragem.
A Torre de Belém, argumentou, é um “símbolo poderoso, a fronteira portuguesa simbólica entre o conhecido e desconhecido. Marca a fronteira entre o Tejo e o Atlântico, mas também entre a segurança das águas fechadas e os perigos do mar aberto. Uma fronteira entre a complacência e a ambição”.
Por isso, pediu aos presentes que mantenham este monumento em mente durante toda a semana, para que também a conferência seja uma “fronteira entre um padrão de degradação do oceano para um de conservação”
Sobre os desafios em discussão, o autarca lembrou que estes requerem “harmonia” entre o nível transnacional (das organizações como a ONU, UE e ONGs), o nível nacional e cada vez mais o nível local. Segundo Carlos Moedas, são as cidades que conseguem traduzir os “objetivos macro” para a vida real das pessoas.
Neste contexto, “Lisboa sente uma particular vocação como guardiã do oceano”, devido à geografia e história.