Era preciso atacar o problema agora. Marta Temido, a ministra da Saúde, anunciou a criação de uma comissão de acompanhamento a funcionar nos meses de verão, para contrariar a falta de médicos nos serviços de urgência (SU) de obstetrícia. Ela funcionará, segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, se tiver uma "visão independente", com "um feedback do terreno mais sólido".
A revisão da rede de referenciação desta área clínica foi uma das medidas saídas das propostas da Ordem, que Miguel Guimarães aplaude, tal como a revisão do pagamento à hora nos turnos de urgência para os profissionais dos quadros dos hospitais, por forma a torná-lo mais aproximado ao que é pago pelas empresas de prestação de serviços aos "médicos tarefeiros".
"Se o valor for de 35 a 45 euros, em vez de 17 euros à hora, as pessoas não vão falhar, terão mais estabilidade e as férias escaladas", argumenta.
Sindicato Independente dos Médicos disponível para negociar valores
Roque da Cunha, presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), em reação à conferência de imprensa que deu Marta Temido esta quarta-feira, observa existir "um sinal de que é preciso uma solução a curto prazo" e diz que os sindicatos estão "abertos e disponíveis para começar uma negociação séria" acerca da remuneração das horas extraordinárias nos serviços de urgência.
Contudo, diz que "o problema não é falta de comissões. É necessário planeamento e organização. E os problemas não são apenas nos serviços de urgência". Acredita que "resolver as coisas sob pressão da opinião pública" vai gerar "uma grande confusão".
Miguel Guimarães corrobora. "O problema estrutural não está no pagamento das horas extra. Há ainda medidas de fundo a terem de ser implementadas".
O SNS deixou de ser atrativo para os médicos mais novos por falta de progressão na carreira, mas também de "condições de trabalho", entre as quais destaca a possibilidade de investigação e de inovação, "importantes para cativar os jovens".