Jeffrey trabalhou durante um ano num navio de transporte de combustível. Quando estava na faculdade ele e os colegas trocavam várias histórias sobre as respetivas experiências a bordo. “Alguns diziam que os navios não tinham os equipamentos de separação de resíduos de óleo”, relata Jeffrey. “Os incineradores dos navios, tal como os equipamentos de filtragem, por vezes estão avariados, por isso, ou porque as tripulações são preguiçosas, simplesmente despejam aquela água residual dos tanques para o mar”, conta o jovem engenheiro. É um de vários trabalhadores da indústria de transporte marítimo que aceitaram, sob anonimato, falar à Lighthouse Reports, uma redação de jornalismo de investigação sem fins lucrativos, no âmbito de uma investigação sobre descargas ilegais de resíduos no mar.
Na operação de um navio são muitos os resíduos que se vão acumulando a bordo, e entre eles estão os resíduos da sala dos motores, que o navio vai acumulando num tanque com água. Embora as embarcações de maior porte estejam obrigadas a ter sistemas de tratamento e armazenamento desses óleos, algumas acabam por despejar no oceano esses contaminantes, numa prática conhecida como bilge dumping, poluindo o mar com um cocktail tóxico de lubrificantes, solventes, chumbo e arsénio.