Sociedade

Moedas anuncia plano de ajuda em Lisboa: linha de apoio, refeitório e centro de acolhimento para refugiados

Lisboa com equipa de missão dedicada a população ucraniana na cidade. Primeira fase de ajuda imediata, segunda dedicada a quem procure refúgio. “Lisboa está com Kiev”, disse Moedas, ao lado da embaixadora da Ucrânia, Inna Ohnivets

Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

A Câmara Municipal de Lisboa criou uma equipa para coordenadar um plano de apoio para a população da Ucrânia a viver na capital portuguesa e para os que vierem a procurar refúgio na cidade. O anúncio foi feito ao fim da manhã nos Paços do Concelho, sede da autarquia, pelo presidente Carlos Moedas. “Lisboa está com a Ucrânia, Lisboa está com Kiev”, repetiu. Ao seu lado, a embaixadora da Ucrânia, Inna Ohnivets, devolveu. “Somos irmãos. Força Portugal e glória à Ucrânia.”

O plano divide-se em duas fases, uma imediata e a outra para “antecipar” um eventual fluxo de refugiados da guerra. Por agora, a Câmara de Lisboa passa a ter uma linha telefónica e um e-mail específicos para quem queira ajudar cidadãos ucranianos – 800 910 111 e sosucrania@cm-lisboa.pt – mas também, lembrou, ucranianos que precisem de ajuda, material ou psicológica.

Segundo Carlos Moedas, à autarquia têm chegado “muitas pessoas que querem ajudar e não sabem como”. Por isso, o objetivo é centralizar e coordenar esses apoios através dos novos contactos e sob a liderança da diretora da Proteção Civil, Margarida Castro Martins, que “tem provas dadas”, nomedamente na criação do centro de vacinação de Lisboa.

Ainda nesta primeira fase, e com efeitos já a partir desta segunda-feira, Carlos Moedas garante a abertura do refeitório municipal de Monsanto, “para oferecer refeições aos ucranianos retidos em Portugal”. O levantamento dos cidadãos nessas condições ainda está a ser feito, juntamente com a embaixada, mas o autarca adianta que serão cerca de 50 pessoas. Além das refeições, “tudo o que for necessidade imediata”, como roupas ou medicamentos, “a Câmara de Lisboa está pronta”.

Em relação a donativos mais imediatos, como a roupa, Carlos Moedas pediu que os interessados em ajudar contactem a autarquia e depois façam a entrega dos bens no próprio edifício dos Paços do Concelho. “Este edifício é da cidade e para a cidade”, reiterou.

Há depois um segundo momento. Com o fluxo de ucranianos a abandonar o país desde que a Rússia iniciou a invasão militar, o autarca considera que é preciso “antecipar” a chegada de refugiados a Portugal. Por isso, a Câmara preparou um centro de acolhimento temporário num pavilhão desportivo da Polícia Municipal. Margarida Castro Martins explicou depois que esse centro “ainda não está montado”, mas tem uma capacidade de prontidão de “no máximo, 72 horas, a partir do momento em que tenhamos conhecimento dessa necessidade”.

Na conferência de imprensa transmitida do edifício sede da Câmara, Moedas contou que foi precisamente ali que a ideia surgiu, quando na semana passada a autarquia decidiu iluminar a sede com as cores da bandeira da Ucrânia. O autarca salientou a “união entre vereadores” e a “disponibilidade imediata dos 24 presidentes da Junta de Freguesia”, deixando uma “palavra de conforto” aos ucranianos e a Inna Ohnivets. “São palavras que gostava que levasse no seu coração: Lisboa está com Kiev.”

Além de retribuir as palavras, a embaixadora ucraniana em Lisboa elogiou as “medidas muito efetivas na área da economia” decididas pela União Europeia, destacando a decisão de fechar o espaço aéreo, que “é muito importante”. E foi mais longe, com um desafio ao Governo português. “Gostaríamos de pedir para se considerar a possibilidade de romper as relações entre Portugal e a Federação Russa. É uma medida muito dura, mas justa.”