Sociedade

Estudo prevê que vai passar a haver mais chuva do que neve no Ártico antes do final do século

Novos modelos climáticos preveem que mudança deve acontecer décadas antes do que era estimado

Maja Hitij

A neve deixará de ser a ser a forma mais comum de precipitação do Ártico antes do final do século. Um novo estudo publicado esta terça-feira na Nature Communications prevê que vai passa a chover mais do que a nevar na calota polar do hemisfério norte e que esta mudança deve acontecer décadas antes do que tinha sido anteriormente estimado.

Segundo a investigação, esta inversão vai acontecer antes do final do século se a temperatura média global aumentar 3ºC. Caso os compromissos assumidos na COP26 no início deste mês sejam cumpridos, o aumento deve ficar limitado a 2,4ºC. Ainda assim, e mesmo que o aquecimento fique pelos 1,5ºC ou 2ºC, a Gronelândia e o Mar da Noruega vão passar a receber mais chuva do que neve.

A ideia de que a chuva vai passar a ser mais frequente do que a neve nesta região reúne consenso na comunidade científica. "Existe um consenso generalizado de que a precipitação no Ártico vai aumentar ao longo do século XXI, com as estimativas a variarem entre os 30% e 60% em 2100", afirma o estudo.

A aceleração do aquecimento global e da subida do nível das águas do mar, o derretimento do permafrost (solo permanentemente congelado) e as mortes em massa nas populações de renas devido à falta de alimentos são alguns dos impactos apontados para a região. No entanto, os cientistas acreditam que o aumento rápido da temperatura no Ártico pode contribuir também para o aumento dos eventos climatéricos extremos, como cheias e secas, na Europa, Ásia e América do Norte.

"O que acontece no Ártico não fica lá", afirmou ao Guardian Michelle McCrystall, investigadora da Universidade de Manitoba (Canadá) e principal autora da investigação. "Podemos pensar que o Ártico está bastante afastado da nossa vida quotidiana, mas de facto as temperaturas lá têm aumentado tanto que isso irá afetar-nos mais a sul."