Cerca de 40% dos 120 mil professores que estavam a dar aulas em 2018/19 deverão reformar-se até ao ano letivo de 2030/31. A projeção é feita pela equipa de investigadores da Nova SBE num estudo pedido pelo Ministério da Educação e que foi apresentado esta quarta-feira.
De acordo com o trabalho coordenado por Luís Catela Nunes, a saída de professores do sistema será mais acentuada no pré-escolar (61% de aposentações até 2030), seguida pelo 2.° ciclo do ensino básico (46%).
Por regiões, a maior queda vai registar-se no Centro e com menor dimensão no Algarve.
Nas contas às necessidades futuras de recrutamento para compensar estas saídas, a quebra demográfica que continua a fazer sentir-se - e que levará a uma diminuição de 15% de alunos neste período - atenua esta carência de profissionais.
Ainda assim, as saídas superam em muito a diminuição de alunos. A inflexão que se nota agora no número de jovens inscritos em licenciaturas que preparam para o ensino também não chega para satisfazer o ritmo de formação necessário para responder às necessidades futuras do sistema.
E olhando para o número de diplomados na área de formação de docentes também se constata esta insuficiência.
Segundo o estudo de diagnóstico de necessidades docentes de 2021 a 2030, diplomaram-se 1567 no último ano e as necessidades de recrutamento futuras apontam para 3425 por ano em média. Estas necessidades não são, no entanto, constantes ao longo do tempo e tendem a intensificar-se à medida que os anos passam.
Segundo o estudo da equipa de Economia da Educação da Nova SBE, em 2030 será necessário recrutar mais de 4100.
Ainda de acordo com estas projeções, o maior número de professores a recrutar será para escolas do Norte (12.500 até 2030). Por nível de ensino e em termos relativos será no pré-escolar e no 2° ciclo que será mais necessário reforçar o corpo docente.
Sobre a falta de professores que se faz sentir em várias escolas da área metropolitana de Lisboa e do Algarve, o ministro da Educação reconheceu a existência de dificuldades, mas garantiu que se não tivesse tomado algumas medidas recentes - como a vinculação extraordinária de docentes e que permitiu que 11 mil profissionais entrassem no quadro nos últimos anos - a situação nas escolas seria hoje bem pior.