Porque é que uma ilha com créditos de emissões de carbono pela sua riqueza natural decidiu avançar com um roteiro para a neutralidade carbónica até 2050?
Foi uma iniciativa proativa do Governo da região autónoma do Príncipe, que quase duplicou a população em 10 anos, de 6 mil para cerca de 10 mil habitantes. Havendo transformação na interação com a natureza, naturalmente haverá uma pressão maior sobre os ecossistemas e uma mudança na qualidade de vida dos cidadãos. Aumenta o consumo de eletricidade, de veículos a circular e a pegada ecológica vai aumentar. Nada melhor do que prever isso. A região autónoma conseguiu apoio do Fundo Ambiental (gerido pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática de Portugal) na vertente de cooperação. Só foi possível por ser uma Reserva da Biosfera.
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COP26: “Sem natureza, não há planeta. Não há desenvolvimento económico na lua porque não há vida”
O arquipélago de São Tomé e Príncipe já perdeu cerca de 4% da sua superfície terrestre devido à subida do nível do mar causada pelas alterações climáticas. Esta quarta-feira, o governo regional da ilha do Príncipe apresenta o seu “Roteiro para a sustentabilidade carbónica”, num evento lateral na Cimeira do Clima de Glasgow. A propósito deste roteiro e da importância da biodiversidade e dos ecossistemas, o Expresso falou com António Abreu, investigador da Cátedra UNESCO em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável, que ajudou a classificar o Príncipe como Reserva da Biosfera e colaborou neste roteiro