Cláudia Maestre não come carne nem peixe há um ano. É vegetariana estrita e mãe de uma menina de dois anos que adora bolonhesa de lentilhas e de vegetais e arroz de açafrão com tofu. A filha, diz Cláudia, está em transição para o vegetarianismo, mas, como na creche que frequenta não há a opção vegetariana, está a pensar fazer uma de duas coisas: escolher outra escola ou passar a mandar-lhe as refeições. Esta dieta é para manter. “A American Dietetic Association deixa claro que é possível uma criança ser vegetariana desde que a dieta seja bem preparada por um nutricionista e os pais assumam a oferta seletiva de alimentos e se mantenham atentos”, justifica. Cláudia Maestre também é nutricionista.
No seu caso, o vegetarianismo foi uma opção gradual. Primeiro, foram as preocupações ambientais, que aumentaram depois de muitos documentários e textos sobre o tema; a segunda e terceira motivações foram a saúde e o tratamento dado aos animais. Hoje garante estar satisfeita com a “exploração que fez da cozinha e a descoberta dos novos sabores”. Atualmente é relativamente fácil manter uma dieta sem proteína animal, pois abundam os produtos disponíveis nos supermercados para satisfazer a procura crescente. Em Portugal, em 10 anos, de 2007 para 2017, quadruplicaram os vegetarianos e veganos: cresceram de 30 para 120 mil, segundo o Centro Vegetariano. Um estudo da consultora Lantern, de 2019, apontava que existiam 764 mil adultos veggies em Portugal, uma categoria que junta vegetarianos, veganos e flexitarianos, ou seja, gente que de vez em quando dá uma garfada na proteína animal. Este segmento é o que mais tem crescido, com 628 mil pessoas.