A nova vacina para a malária, que promete uma eficácia de 77%, surge no contexto auspicioso da vacina anticovid, lançada em menos de um ano e administrada em massa em alguns países. A expectativa à volta do seu êxito não podia ser mais elevada: será esta a fórmula mágica para acabar com o pesadelo das crianças nos países pobres? Vejamos os obstáculos ainda a superar.
Alguns peritos no campo manifestam alguma cautela em relação à euforia à volta da vacina, anunciada em finais de abril pelo Instituto Jenner, da Universidade de Oxford, o mesmo que criou a vacina contra a covid-19. Rhoel Dinglasan, da Universidade da Florida, defende que é preciso recolher detalhes sobre o genoma do parasita em causa no ensaio da fase dois, que decorreu no Burkina Faso. Foi esta experiência aplicada a 450 crianças que permitiu à equipa de Adrian Hill, de Oxford, apresentar uma vacina que supera o objetivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) (75% de eficácia).