O verdadeiro impacto da pandemia de covid-19 na natalidade só poderá ser medido a partir do final deste mês, quando começarem a nascer os primeiros bebés concebidos durante o confinamento, entre março e abril. Ainda assim, o balanço dos demógrafos não aponta para um baby boom em resultado desse período de isolamento em casa, como se chegou a pensar. Pelo contrário, o medo e a incerteza trazidos pelo desemprego, instabilidade laboral e até pelas dúvidas sobre o impacto do vírus nas grávidas e bebés terão tido precisamente o efeito oposto, levando os casais a adiarem por mais algum tempo a decisão de serem pais.
“Os reflexos não serão imediatos, mas 2020 trouxe um adiamento do projeto de ter filhos, que tem sido uma realidade muito forte nos últimos tempos. E essa será uma das marcas que a pandemia deverá deixar”, afirma Maria João Valente Rosa, demógrafa e professora na Universidade Nova de Lisboa.