Fui esmurrado, pontapeado, fizeram-me um mata-leão e prenderam-me com algemas nos pulsos e nos tornozelos a um carrinho de bagagens, obrigando-me a ficar de cócoras.” A denúncia é de Egídio Pina, 54 anos, que foi expulso do país a 27 de novembro do ano passado. O cidadão cabo-verdiano vivia há mais de 20 anos em Portugal e cumpria uma pena de sete anos por tráfico de droga no estabelecimento prisional de Alcoentre. Naquele dia, quatro inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) foram buscá-lo à cadeia e levaram-no à força para o aeroporto de Lisboa e para um avião que o levaria de volta a Cabo Verde.
Egídio Pina resistiu o máximo que pôde, explicando aos inspetores que tinha pendente uma providência cautelar e uma queixa no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que poderiam fazer cessar a pena acessória de expulsão que lhe tinha sido decretada. “Mas eles não acreditavam em mim. Só me diziam: ‘Vais para Cabo Verde. Quem manda aqui somos nós’.”