A carta anónima denunciava uma “rede de tráfico de influências” montada pelo comendador Diogo Gaspar, fundador do Museu da Presidência da República, para beneficiar um grupo “dos que lhe são íntimos”. O documento, que deu origem ao processo que começará a ser julgado quinta-feira, acusava o então diretor do museu de contratar “colaboradores de passagem”, sempre “do sexo masculino”, com “idades entre os 25 e os 30 anos”, e referia uma “relação íntima” com “um amigo próximo”, contratado para fazer trabalhos gráficos, apesar de haver um funcionário do museu com essa missão.
A PJ confirmou as suspeitas e deteve Diogo Gaspar e três colaboradores. É acusado de abuso de poder, participação económica em negócio, peculato, falsificação e branqueamento. As alusões pouco subtis à sua sexualidade são criticadas pela defesa, que alega que a acusação do MP espelha um “preconceito discriminatório homofóbico”. O procurador Ricardo Matos ficou “perplexo” com a crítica. “Estamos perante crimes económico-financeiros, não é pertinente nem relevante a sexualidade do arguido”, garantiu.