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Sociedade

Ex-diretor do Museu da Presidência da República acusa Justiça de homofobia

O comendador Diogo Gaspar é acusado pelo Ministério Público de ter contratado "amigos íntimos" como colaboradores

Em junho de 2016, Diogo Gaspar foi detido por suspeitas de tráfico de influência, falsificação de documento, peculato, peculato de uso, participação económica em negócio e abuso de poder
Pedro Nunes / Lusa

A carta anónima denunciava uma “rede de tráfico de influências” montada pelo comendador Diogo Gaspar, fundador do Museu da Presidência da República, para beneficiar um grupo “dos que lhe são íntimos”. O documento, que deu origem ao processo que começará a ser julgado quinta-feira, acusava o então diretor do museu de contratar “colaboradores de passagem”, sempre “do sexo masculino”, com “idades entre os 25 e os 30 anos”, e referia uma “relação íntima” com “um amigo próximo”, contratado para fazer trabalhos gráficos, apesar de haver um funcio­nário do museu com essa missão.

A PJ confirmou as suspeitas e deteve Diogo Gaspar e três colaboradores. É acusado de abuso de poder, participação económica em negócio, peculato, falsificação e branqueamento. As alusões pouco subtis à sua sexualidade são criticadas pela defesa, que alega que a acusação do MP espelha um “preconceito discriminatório homofóbico”. O procurador Ricardo Matos ficou “perplexo” com a crítica. “Estamos perante crimes económico-financeiros, não é pertinente nem relevante a sexualidade do arguido”, garantiu.