Sociedade

O desespero de quem sonha com um teto

Números oficiais não há, mas Helena Roseta estima que número de casas ocupadas por famílias ascenda às centenas. Moratória que suspendia despejos acaba no fim do mês

Gonçalo Fonseca

As noites de Edna, mãe solteira que ocupa uma casa em Chelas (Lisboa) há quase quatro anos, são passadas com o filho Enzo no sofá, a ver televisão e a trocar mimos, à espera que chegue o sono. O menino adormece facilmente, mas a mãe passa várias noites acordada, com a cabeça cheia de preocupações e turva com o peso de um dia de trabalho. “A única altura em que durmo descansada é ao fim de semana, que é quando não há despejos”, conta Edna, de 30 anos, que já foi despejada cinco vezes nos últimos 15 anos.

Apesar de os despejos terem sido suspensos em março, como medida excecional para proteger as famílias durante a pandemia, esta não é uma preocupação facilmente esquecida. A moratória termina no final deste mês e Edna teme que recomece o rodopio de mudanças e explicações aos mais pequenos, já habituados à rotina triste das lágrimas da mãe perante a dureza das ordens policiais.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.