Sociedade

Media Capital passa de 5,9 milhões de lucros para prejuízos de € 14,4 milhões no primeiro semestre de 2020

Grupo justifica queda de € 5,9 milhões de lucros em igual período de 2019 para resultados negativos de mais de € 14 milhões devido ao efeito conjugado da pandemia e da redução de quota de audiência do canal televisivo (TVI generalista), com particular impacto na publicidade. Media Capital realça ainda que TVI deixou de ser líder de audiências em 2020

FOTO TIAGO MIRANDA

LUSA

O grupo Media Capital obteve um prejuízo de € 14,4 milhões no primeiro semestre deste ano face a € 5,9 milhões de lucros em igual período de 2019, segundo dados provisórios divulgados este domingo. De acordo com a informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), na primeira metade de 2020 os resultados operacionais foram afetados pelo “efeito conjugado da pandemia e da redução de quota de audiência do principal canal televisão (TVI generalista)", com particular impacto na publicidade.

“Os rendimentos operacionais consolidados recuaram 36% (37% no caso da publicidade) nos primeiros seis meses de 2020, sendo que as quedas percentuais mais significativas iniciaram-se em março (quando a pandemia foi declarada), tendo o seu pico em abril e mostrando forte desaceleração em maio e, especialmente, junho”, indica a empresa.

No mesmo documento, a Media Capital realça que, “para além do efeito adverso da pandemia, é de relembrar que em 2019 a TVI era líder de audiências em ‘all day’ até fevereiro e tendo mantido a liderança em ‘prime time’ até junho desse ano, ou seja todo o 1.º semestre do ano anterior, e que em 2020, se comparam dados com um contexto no qual a TVI não liderou em qualquer desses ‘slots’ horário”.

Os gastos operacionais, antes de depreciações e amortizações, recuaram 8%, alcançando € 66,6 milhões até junho. Em resultado do conjunto de impactos a nível de rendimentos e gastos, o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) recuou de € 14,2 milhões no primeiro semestre de 2019 para € 11,2 milhões negativos no mesmo período de 2020.

O endividamento financeiro líquido do grupo cresceu cinco milhões de euros desde o final de 2019 (de € 88,5 para € 93,5 milhões. O grupo adianta sentir já uma "melhoria consistente dos principais indicadores de negócio relacionados com as audiências" no principal canal de televisão.

"A TVI melhorou a sua quota em adultos, para a totalidade do dia, de 13,9% em março para 15,4% em junho, quando nos meses homólogos os valores eram de 18,5% e 15,6% respetivamente. Em julho de 2020 aquele indicador melhorou novamente para 16,4%, portanto uma melhoria face aos 15,1% observados em julho de 2019”, refere.

No segmento de rádio e entretenimento, a informação à CMVM assinala que os formatos de rádio do grupo têm vindo a reforçar a liderança, sobretudo devido à posição da Rádio Comercial e a uma subida da M80. “À semelhança do segmento de televisão, também aqui os impactos da pandemia se fizeram sentir nos quatro últimos meses do semestre, embora no último (junho) a queda homóloga dos rendimentos de publicidade tenha sido cerca de metade da verificada no mês de maio”, indica o grupo.

Sobre as perspetivas de futuro, os responsáveis da Media Capital assinalam a "evidência de recuperação das audiências dos canais de TV do Grupo", sublinhando “o reforço adicional dos conteúdos previsto a partir de setembro".

Com a continuação da melhoria dos contextos externo e interno, o grupo antecipa “um reforço do seu posicionamento competitivo no setor” e um “desagravamento substancial dos comparativos financeiros durante a segunda metade de 2020”.