Sociedade

Outros escândalos régios

A caçada ao elefante, as amantes e a herança oculta são alguns dos escândalos régios de Espanha

Filipe VI e Juan Carlos I numa entrega de prémios desportivos em Madrid, em 2019
Carlos Alvarez/Getty Images

AS AMANTES

Os casos extraconjugais de Juan Carlos I nunca foram segredo. Se Corinna Larsen é a mulher de quem se fala, entre as muitas ligações do ex-monarca surgem nomes como a atriz Bárbara Rey, que chegou a receber dinheiro público e em 1997 afirmou que num assalto a sua casa lhe tinham furtado “material comprometedor” para “um espanhol muito importante” (teria gravado conversas íntimas); as cantoras Sara Montiel e Raffaela Carrá; a empresária Sol Bacharach; a decoradora Marta Gayá; a alemã Julia Steinbusch; ou a belga Liliane Sartiau, cuja filha Ingrid garante que o seu pai é o rei emérito, a quem pediu um teste de ADN; igual reivindicação faz Albert Solà, empregado de mesa catalão. Juan Carlos recusou submeter-se a testes.

RALHETE A CHÁVEZ

Em plena cimeira ibero-americana, em 2007 na capital chilena, Santiago, o então rei fartou-se dos apartes do Presidente venezuelano durante uma intervenção do primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero (Hugo Chávez chamava “fascista” ao antecessor deste, José María Aznar). O monarca espetou-lhe então um nada diplomático “¿Por qué no te callas?” que se tornou famoso em todo o mundo. Na mesma sessão saiu da sala durante o discurso do nicaraguense Daniel Ortega.

HERANÇA OCULTA

Em 2013 soube-se que Juan Carlos herdara do pai (falecido 20 anos antes) o equivalente a mais de €2 milhões, que não declarou ao fisco espanhol e guardou em bancos suíços. A Casa Real garantiu que tudo fora gasto em “obrigações e dívidas” dos pais do então rei. Um ano antes “The New York Times” cifrara a sua fortuna em €1800 milhões, difícil de explicar com um salário anual de cerca de €8 milhões (mas incluía nas contas edifícios usados pela Coroa, não pessoais do ex-rei).

CAÇADA AO ELEFANTE

Em 2012, com a crise a assolar Espanha, o povo descobriu, indignado, que o seu chefe de Estado fora caçar elefantes no Botsuana, com Corinna Larsen. A viagem deixou de ser secreta quando Juan Carlos partiu uma anca e teve de voltar de urgência. À saída do hospital, pediu desculpas públicas: “Sinto muito. Enganei-me e não voltará a acontecer.” Foi uma gota de água que pôs fim à tolerância do povo para com o rei, que abdicou passados dois anos.