Exclusivo

Sociedade

“Elisa Isabel”, 44 anos, autista: “Por favor, amem-nos. Não nos matem, não nos isolem”

“Digam ao mundo para amar os seus autistas, porque o mundo precisa de todo o tipo de mentes.” O pedido é feito num dos testemunhos mais expressivos que recebemos após a publicação, na última edição do semanário, do depoimento de uma jovem portuguesa a viver em Inglaterra com diagnóstico tardio de autismo. A autora é uma das cerca de 50 mil pessoas que vivem com esta diferença em Portugal, muitas das quais ainda sem qualquer diagnóstico. Aceitou que partilhássemos a sua história com os leitores, mas não quis que a sua identidade e a sua imagem fossem públicas. Eis o depoimento de "Elisa Isabel", como sugeriu que fosse identificada

Chris Madden/getty

A Sara pode dizer que é autista porque, no Reino Unido, ser autista é como ser surdo-mudo, é apenas uma condição que dificulta a comunicação. Tem de se aprender uma forma alternativa e os surdos-mudos, tal como os autistas, têm os outros sentidos mais apurados do que a população neurotípica (“normal”).

Em Portugal, ainda não é assim.

Um autista é um alvo fácil, somos facilmente enganados, devido à nossa ingenuidade. Quando temos o meltdown autista (que é assustador para quem vê mas sobretudo para quem o sente), podemos ser agredidos ou mortos. Mortos!!!! Aquele rapaz que foi atirado para o poço pela mãe não pressentiu o perigo, somos ingénuos, o rapaz não percebeu as intenções da mãe. Eu sei o perigo que corro porque tenho 44 anos, ele não se apercebeu porque era apenas um adolescente inexperiente.