Após um congelamento que durou dez anos, o Ministério do Ensino Superior permitiu que as faculdades de Medicina abrissem para o concurso nacional de acesso do próximo ano letivo mais 15% de vagas face ao total dos anos anteriores. Só que a oportunidade foi genericamente rejeitada.
As duas faculdades de Lisboa, as duas do Porto, Coimbra, Minho, Beira Interior e Madeira decidiram manter a oferta inalterada e apenas a Universidade dos Açores vai abrir mais seis lugares (de 38 para 44) no seu ciclo básico de Medicina (formação inicial de 3 anos, que é depois completada na Universidade de Coimbra).
Contas feitas, o próximo concurso nacional de acesso, cujas vagas acabam de ser divulgadas pela Direção-Geral do Acesso ao Ensino Superior (DGES), contará com 1523 lugares face aos 1517 do ano passado.
A manutenção da oferta traduz a confirmação das críticas que o Conselho de Escolas Médicas deixou em junho, assim que foi conhecido o despacho que autorizava o aumento das vagas. O conselho argumentava que não só não se justificava face às necessidades do país e aos lugares na especialidade, como comprometia a qualidade do ensino por falta de condições de acompanhamento dos alunos nos serviços de saúde.
Aumento nos cursos mais exigentes
Tirando o caso de Medicina, as licenciaturas e mestrados integrados com maior concentração de melhores de alunos aceitaram quase todas a recomendação do Ministério para aumentar, entre 15% a 20%, os seus lugares nos cursos que deixam de foram alunos com médias de candidatura de 17 valores.
No conjunto de 17 cursos nessa situação, apenas dois – Direito e Arquitetura na Universidade do Porto - , mantiveram a oferta. As formações mais exigentes no ano passado, no sentido em que deixaram mais excelentes alunos à porta, foram Engenharia Física Tecnológica no Instituto Superior Técnico (passa de 69 vagas para 83) e Engenharia e Gestão Industrial na Universidade do Porto (de 75 para 90).
Ao todo, haverá mais 240 lugares nestes cursos, o que representa um aumento de 16% face ao ano anterior.
Politécnico da Guarda é o que mais cresce
Outro dos objetivos da política de fixação de vagas passa por travar o aumento de concentração de vagas nas duas maiores cidades. De acordo com as contas da DGES, o número cresceu” 7% entre 2017 e 2020 nas regiões com menor pressão demográfica e reduziu-se 4% nas regiões de Lisboa e Porto”.
Por instituição, o Politécnico da Guarda foi o que aumentou mais as vagas, passando de 680 em 2017 para 805 no próximo ano letivo. A oferta das universidades da Madeira e de Évora cresceu 10% no mesmo período. Já os Açores têm perdido capacidade (menos 7% dos lugares) e o Politécnico de Viseu manteve-se com a mesma oferta.
Na comparação entre 2019 e 2020, as vagas crescem 2% em regiões com menor pressão demográfica, enquanto o número nas demais regiões cresce 0,8%.
“Conseguimos balancear o aumento de lugares nos cursos mais procurados pelos melhores estudantes (e que se concentram em Lisboa e Porto) e um aumento no interior superior ao do resto do país”, congratula-se o ministro Manuel Heitor.
Direito e competências digitais
Ao todo, são 52.129 lugares (mais 1% do que no ano anterior), distribuídos por mais de mil licenciaturas e mestrados integrados. Direito em Lisboa (445 lugares) e em Coimbra (334), seguidos de vários cursos de Enfermagem e Medicina são os que podem acolher mais estudantes.
No caso das formações em competências digitais, em que a tutela também incentivou um reforço, há um crescimento de 2,8% (8036 para 8236 vagas).
Por causa da epidemia, o prazo de candidatura à 1ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público decorre este ano mais tarde, entre 7 e 23 de agosto.