Os Governos regionais da Madeira e dos Açores estão ainda a aguardar esclarecimentos sobre a sua inclusão ou não na lista dos destinos considerados seguros para corredores aéreos com o Reino Unido sem os cidadãos britânicos terem de fazer quarentenas no regresso, segundo avançaram ao Expresso.
O anúncio do Governo britânico gerou confusão, esta sexta-feira, sobre os 59 destinos para onde pretende fazer 'corredores aéreos' a partir de 10 de julho, numa lista da qual Portugal ficou excluído, mas com as excepções da Madeira e dos Açores, arquipélagos onde os casos de covid-19 são baixos.
Segundo explicou a embaixada britânica em Londres, deixaram de ser desaconselhadas pelo Governo britânico as viagens às ilhas portuguesas, "em reconhecimento das taxas de infeção muito mais baixas nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores, bem como o facto de essas ilhas serem acessíveis através de voos diretos do Reino Unido e terem controlos efetivos de entrada relacionados com a covid-19".
É justamente a questão dos voos diretos que está a gerar dúvidas às regiões portuguesas, que as querem ver rapidamente esclarecidas junto do Governo britânico. Em causa está apurar se os viajantes britânicos que chegam à Madeira e Açores por voos diretos ou 'charters', sem terem de passar por outros aeroportos como Lisboa ou Porto, ficam isentos de quarentenas no regresso ao Reino Unido, tendo em conta que estes arquipélagos são considerados seguros por fazer rastreios a todos os turistas à chegada.
"Está a haver muita pressão entre a diplomacia inglesa e a portuguesa"
"Está a haver muita pressão entre a diplomacia inglesa e a portuguesa, e a informação que temos, e que ainda não foi tornada pública, é que se Portugal não está na lista dos países com corredor aéreo para o Reino Unido, a Madeira e os Açores são excepção, aplicando-se aqui os mesmos termos dos países onde os britânicos podem voar sem terem depois de fazer quarentenas", avança António Trindade, presidente do grupo hoteleiro Porto Bay, com sede na Madeira.
"Não fazia sentido o Reino Unido penalizar um destino como a Madeira, que é tão popular no mercado inglês, e onde houve zero mortes e tem atualmente dois casos ativos", salienta o hoteleiro madeirense.
O Governo regional da Madeira põe a tónica no facto de estar já a fazer rastreios à chegada ao aeroporto do Funchal a todos os passageiros. Quem chega à Madeira tem duas opções: ou apresenta um teste à covid-19 realizado 72 horas antes de embarcar, provando que o resultado é negativo, ou é obrigado a submeter-se a um teste ao chegar ao aeroporto do Funchal (às custas do Governo regional), tendo de permanecer 12 horas em quarentena no alojamento até ser conhecido o resultado.
Nos Açores aplica-se um sistema de rastreio à chegada idêntico ao da Madeira, só que o período de espera pelo resultado dos testes é alargado a 48 horas. O Governo regional dos Açores diz estar "a tentar perceber as razões e implicações" pelo facto de haver duas listas divulgadas pelo Reino Unido. Há uma lista que identifica os Açores e a Madeira como destinos considerados seguros pelo Reino Unido para viajar, mas há uma outra lista que identifica as proveniências que estão isentas de quarentena na chegada ao Reino Unido, em que os Açores e a Madeira não são mencionados.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), contactado pelo Expresso, adianta que "quem vai à Madeira e aos Açores a partir do Reino Unido terá de fazer quarentena no regresso. Contudo, as viagens para os Açores e Madeira passam a estar isentas de justificação". O MNE enfatiza ainda o facto de o Reino Unido ter "tirado a recomendação de não realizar viagens não essenciais à Madeira e aos Açores".
Mas, para os operadores das regiões portuguesas, permanece por esclarecer a dúvida relativamente à isenção de quarentenas no caso dos turistas britânicos chegarem através de voos diretos.
Na imprensa britânica, já se começa a divulgar que a Madeira e os Açores não têm a restrição das quarentenas, ao contrário do território continental. O jornal "The Sun" avança que, apesar de Portugal ter sido excluído da lista de países para corredores aéreos com o Reino Unido, tal não se aplica aos arquipélagos portugueses da Madeira e dos Açores, destinos onde "foi levantada a recomendação" do Governo britânico aos seus cidadãos para não fazerem viagens.
O jornal inglês enfatiza ainda o facto de a Madeira e os Açores pedirem aos turistas que entreguem um teste confirmando não terem covid-19 ao embarcar para o destino, ou que se sujeitem a um teste à chegada a estes destinos, devendo permanecer 12 horas à espera do resultado no caso da Madeira, e 48 horas no caso dos Açores.