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A aposta de Paulo para tanto tempo de fronteiras fechadas não tem que ver com o clima político: “Gasolineiras em Portugal estavam a faturar”

O rio Minho acompanha a Raia entre Tui, em Espanha, e Valença do Minho, em Portugal. A fronteira - e as duas pontes que permitem às pessoas atravessá-la - desconfinaram e rapidamente a vida fronteiriça voltou ao normal. Os espanhóis foram à feira semanal da cidade portuguesa e mataram saudades do bacalhau. Os portugueses assaltaram as bombas de gasolina espanholas, para dar de beber aos carros e matar saudades da gasolina barata

Há três meses e meio que a fronteira entre Portugal e Espanha estava fechaa, devido à pandemia.
Octavio Passos

“A esta hora, o trânsito flui sem complicações em todo o território”, diz a rádio. E apesar da estranheza, pela hora da manhã, o primeiro dia de julho é aquele em que a evidência se aplica, também, nas vilas fronteiriças. Nas duas pontes que ligam Tui, em Espanha, de Valença do Minho, em Portugal - a nova, da autoestrada, e a arcaica e rodo-ferroviária ponte internacional - os carros deixaram de ser barrados à entrada. As casinhas onde, durante dois meses e meio, se colocaram em sentido as polícias portuguesa e espanhola estão agora vazias e encostadas a um canto da estrada, tal como as placas de interdição de passagem, e a polícia marítima já não controla possíveis desacatos, ao longe, a partir do rio Minho.

O trânsito impõe a normalidade pré-covid nos concelhos vizinhos. Manhã de semana e vilas espanholas a trabalhar, antes da hora de almoço e de “la siesta”, torna-se notória a presença de portugueses nas primeiras bombas de gasolina espanholas, para quem passa a fronteira vindo de terras lusitanas. Desde cedo que a fila de carros com matrícula portuguesa pôs a nu o desconfinamento da fronteira e os preços reduzidos do combustível espanhol. "Você veja”, alerta Luís da Guia, depois de encher o depósito com gasolina, “um euro e dezassete para um euro e quarenta e três ou quarenta e quatro....".