Supõe-se que corresponda a 95% de tudo aquilo que compõe o universo, mas, apesar de tão abundante, permanece até à atualidade como uma das maiores incógnitas da física. Nunca ninguém deu por ela, mas isso pode estar prestar a mudar.
Um estudo elaborado por 163 cientistas de 11 países, publicado no repositório “arXiv”, pode ter detetado, pela primeira vez na história, uma partícula de matéria negra, escreve o “El País”.
Os novos dados foram recolhidos pelo detetor “Xenon1T”, um enorme tanque com mais de três toneladas de xénon em estado líquido, localizado no subsolo do Laboratório Nacional ed Gran Sasso, em Itália. Quando colocado a uma temperatura de 100º negativos, o equipamento torna-se ideal para observar fenómenos físicos raros.
Foi assim que, entre fevereiro de 2017 e fevereiro de 2019, os pesquisadores captaram dezenas de sinais que acreditam tratar-se de axiões, uma partícula hipotética — com uma massa infimamente baixa — proposta por Roberto Peccei e Helen Quinn que pode ser o componente básico da matéria negra.
Acredita-se que há 13.700 milhões de anos, pouco depois do Big Bang, o universo em fase embrionária poderá ter produzido uma enorme quantidade de axiões, passíveis de terem perdurado até aos nossos dias.
“Em teoria, o Big Bang pode ter produzido axiões suficientes para comporem toda a matéria negra existente. Trata-se de partículas muito estáveis, pelo que é muito reduzida a probabilidade de que se desintegrem e isso permitiria deteta-los ainda hoje”, explica Igor García Irastorza, investigador do CERN, citado pelo “El País”.
Os resultados deste estudo ainda terão de ser avaliados pela comunidade científica e Irastorza recomenda “muita cautela”.