Sociedade

Hospitais portugueses preparam-se para a chegada do novo coronavírus

Direção-Geral da Saúde vai enviar check list às principais unidades hospitalares para identificar quais poderão receber doentes

TIAGO PETINGA/LUSA

Portugal continua sem casos do novo coronavírus e está a aproveitar a vantagem para, com tempo, preparar-se para o pior. Uma check list com vários requisitos necessários para garantir o acompanhamento de eventuais doentes vai ser enviada aos maiores hospitais do país para que a Direção-Geral da Saúde (DGS) fique a saber, em concreto, com o que poderá contar.

Depois dos hospitais na linha da frente para a avaliação das situações suspeitas e isolamento dos primeiros doentes, será ativada uma segunda linha de resposta com hospitais em diferentes zonas ativados a par com o avanço da epidemia e das necessidades que venham a existir. Esta terça-feira, os responsáveis da DGS reuniram-se com as administrações regionais de saúde e delegados de saúde para prepararem a rede de apoio.

Entre as várias características exigidas estão, por exemplo, ter laboratório integrado na rede de referência do Instituto Ricardo Jorge – e em todo o país existem 17 -, camas de cuidados intensivos, quartos de isolamento com pressão negativa ou um número suficiente de médicos em especialidades chave. Segundo vários especialistas, as camas a selecionar terão ainda de cumprir um critério geográfico para que, por exemplo, esteja sempre garantida cobertura num raio de 100 quilómetros.

Numa fase inicial, com poucos casos, será possível manter os doentes isolados em quartos de pressão negativa mas se a epidemia avançar, os infetados ficarão em enfermarias dedicadas, embora sem necessidade de pressão negativa. Na prática, em camas semelhantes às que são preparadas para os surtos de gripe.

Esta terça-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, adiantou que esta rede a ativar terá 280 camas, várias atualmente ocupadas com doentes que carecem de isolamento como em caso de tuberculose multirresistente. Para já, as únicas pessoas em isolamento – no Hospital Pulido Valente e no Parque da Saúde de Lisboa - são os 20 cidadãos regressados da China. Cumprem uma quarentena voluntária de 14 dias, que termina no próximo domingo.

O grupo está em isolamento porque veio do epicentro da epidemia, em Wuhan na China. Todos estão sem sintomas e os testes negativos mas ainda estão dentro do período de incubação do vírus mais frequente: até 14 dias.

Outro destino tiveram os seis casos suspeitos, com sintomas e ligação a territórios da China, mas fora do epicentro do coronavírus, ou a alguém que esteve naquele país. As análises foram negativas e não há necessidade de quarentena. A manifestação de sintomas leva ao isolamento imediato para análises e logo que os resultados negativos ficam assentes, é entendido que a sintomatologia é devida a outros vírus. Ora, por isso, sem necessidade de ‘quartos de alta segurança’. O procedimento será também este para todos os casos semelhantes que venham a surgir.