De 763 para 60, de 60 para sete e de sete para um. Assim se fazem as contas dos primeiros passos da segunda edição do Health Parliament, que hoje conheceu o seu novo presidente na primeira sessão plenária do único parlamento inteiramente dedicado à Saúde em Portugal.
Francisco Goiana da Silva obteve a maioria dos votos e mostrou-se ciente da responsabilidade que o cargo acarreta e do muito trabalho que o espera para os próximos seis meses. "Não estamos aqui para pensar o que outros pensaram ou darmos mais do mesmo", garantiu. O objetivo é que consigam "trazer alguma novidade, algum ar fresco, a um tema a que muitas vezes falta isso mesmo".
Foi uma eleição concorrida, com sete candidaturas a surgirem entre os 60 parlamentares, que por sua vez já tinham sido selecionados a partir de 763 candidaturas. Antes do voto decisivo, e de uma semana de campanha, a sessão plenária inaugural foi a derradeira oportunidade para os candidatos fazerem um último apelo ao parlamento, e a oportunidade não foi desperdiçada. "O que seria de uma campanha sem brindes", brincou a pivô da SIC Notícias, Sara Pinto, entre os discursos dos parlamentares.
O membro da Comissão de Sustentabilidade e Equidade sucede assim a Ana Castro, com a anterior presidente a exortar os deputados a "meter mãos à obra porque junho é já amanhã". Um apelo que não passou despercebido na tomada de posse das seis comissões que compõem o Health Parliament Portugal, e onde foi logo patente a discussão de ideias e o estabelecimento de bases de diálogo.
Após uma manhã em se apresentaram as comissões de Inovação e Valor em Saúde, Oncologia, e Recursos Humanos em Saúde, a tarde foi marcada pela apresentação dos deputados das restantes comissões. A saber: Saúde Mental, Sustentabilidade e Equidade, e Tecnologia e Integração de Cuidados, perante a atenção e os conselhos dos mentores presentes na plateia.
"O país precisa do vosso nível de qualificação, não para defender interesses, mas sim para o desenvolvimento, independentemente da ideologia", lembrou a ex-ministra Maria de Belém, ao passo que Isabel Galriça Neto, ex-deputada do CDS, pediu aos parlamentares para não contribuírem "para causar divisões na luta".
Alterações estruturais
André Badalo foi um dos deputados presente na Reitoria da Universidade de Lisboa. O membro da Comissão de Saúde Mental falou de uma vontade em ajudar que, para si, começou com voluntariado. "Temos de lutar contra este estigma", defendeu, enquanto olha para a sua profissão de realizador como prova da diversidade de profissões que é uma das bandeiras do Health Parliament. E uma das suas forças, apontam os participantes.
Ingredientes que, a ser bem misturados, podem resultar em "orientações necessárias para uma grande reforma" do sector, acredita o deputado do PSD, Ricardo Baptista Leite. São as tão ambicionadas alterações estruturais que podem passar, por exemplo, por "ter um sistema de saúde baseado na saúde e não na doença", atira a deputada da Comissão de Sustentabilidade e Equidade, Carla Pinto.
A ambição de mudar para melhor não escapou a nenhum dos presentes e o primeiro plenário do 2.º Health Parliament Portugal fez-se com um grupo disposto a ir à luta. "Têm que ser socialmente ativos", pediu o ex-ministro Adalberto Campos Fernandes. "Vamos ser a novidade que o sistema tem vindo a pedir", afiançou Francisco Goiana da Silva.
Próximos passos do Health Parliament Portugal
1ª visita de estudo, 2 a 13 de março
Visitas a hospitais, centros de investigação, cuidados de saúde primários e organismos públicos
2º plenário, 27 de março
Apresentação do ponto de situação das principais reflexões
2ª visita de estudo, 27 de abril a 8 de maio
Visitas a hospitais, centros de investigação, cuidados de saúde primários e organismos públicos
3º plenário, 29 de maio
Apresentação e votação das recomendações draft
4º plenário, 3 de julho
Apresentação pública das recomendações