Alain Finkielkraut, um dos convidados desta quarta-feira à noite de David Pujadas, no debate 'La Grand Confrontation' ('O Grande Confronto'), no canal de informação da TF1, lançou a polémica na opinião pública e incendiou as redes sociais no 'talk-show' sobre liberdade de expressão e de opinião em França, programa durante o qual foram abordados vários casos de violação divulgados pelos média, entre os quais o da jovem de 13 anos abusada pelo realizador Roman Polanski.
O filósofo e escritor francês surpreendeu tudo e todos ao assumir a defesa do polémico cineasta, afirmando que a jovem não era “impúbere”: “Ela tinha um namorado, teve uma relação com Polanski e ele foi acusado de violação, mas reconciliou-se com ele”. Foi o pretexto que levou Finkielkraut a criticar a atual cultura do politicamente correto, que diz ser um “anátema e um insulto que torna uma conversação cívica impossível”, concluindo que “é um calvário do pensamento”.
A declaração de choque viria a seguir, quando o filósofo e escritor de 70 anos confessou que diz aos homens: “Violem as mulheres! Eu violo a minha todas as noites e ela já está farta”. Perante a consternação dos outros convidados do debate, entre os quais se encontrava presente Caroline De Haas, ativista feminista e conselheira política para a luta contra a violência, Alain Finkielkraut adiantou ainda que “sempre houve violações”, mas que antes as denúncias eram feitas quando “se passava ao ato da penetração forçada”, enquanto hoje “o que existe é a cultura da violação, que engloba desde gracejos brejeiros, assédio até ao galanteio”.
“Assistimos a uma extrapolação do conceito de sexismo. Se assim for, teremos em França imensos violadores em potência”, concluiu.
Indignada, Caroline de Haas afirmou que nem queria acreditar no que estava a ouvir, lembrando que, em média, 250 mulheres são violadas por dia no país. “O senhor está a insultar mulheres que foram violadas e as vítimas de violação conjugal”, frisou a ativista, alertando que não se pode ignorar que, quando se fazem este tipo de comentários, “se está a banalizar a violência”.
As declarações de Finkielkraut já provocaram uma série de reações nas redes sociais e junto da opinião pública, havendo quem defenda que a atitude do filósofo deve ser analisada pelo Conselho Superior do Audiovisual (CSA).