Sociedade

Greve dos motoristas. Patrões e sindicatos falam com o ministro mas em separado

Esta manhã, os dois sindicatos que defendem a greve encontram-se com o Governo. À tarde será a vez da ANTRAM e da federação dos trabalhadores que são contra a greve

CARLOS BARROSO/LUSA

Este dia 5 de agosto pode ser decisivo para saber se a greve dos motoristas de pesados, marcada para a próxima segunda-feira, 12, avança ou é desmarcada.

Os dois sindicatos que fizeram o pré-aviso de greve e que estão em guerra aberta com os patrões, encontram-se no Ministério das Infraestruturas às 11h30. A reunião não conta no entanto com a presença da ANTRAM (Associação Nacional dos Transportes públicos Rodoviários de Mercadorias), que irá ao mesmo ministério às 15h juntamente com a Fectrans, federação de sindicatos que não se uniu à paralisação e que tem estado na mesa de negociações com os patrões nas últimas semanas.

Como avançou em entrevista ao Expresso este sábado, Pedro Pardal Henriques vai apresentar várias propostas ao gabinete de Pedro Nuno Santos, entre elas a de um contrato coletivo de trabalho com duração de seis anos e com aumentos graduais de 50 euros. A ideia, garante Pardal Henriques, é chegar a um consenso para evitar a greve.

À Lusa, o vice-presidente dos Sindicatos dos Motoristas de Matérias Perigosas afirmou entretanto que sem a presença da ANTRAM na reunião desta manhã de segunda-feira “pouco se adiantará”.

O Expresso sabe que o Governo tem feito grande pressão junto de motoristas e patrões para chegarem a um consenso e evitar a greve do dia 12 que irá novamente causar transtornos aos portugueses, muitos deles em período de gozo de férias.

André Almeida, que representa a ANTRAM, disse também ao Expresso este sábado que a entrevista dada por Pardal Henriques na RTP, na última quarta-feira, veio revelar que os sindicatos não pretendem chegar a acordo nenhum.

Em comunicado enviado às redações este sábado, em reação desta vez à entrevista de Pardal Henriques ao Expresso, a ANTRAM afirma que "percebendo que existe um sentimento generalizado da população portuguesa contra esta greve por a mesma reclamar em 2019 aumentos para 2021 e 2022, o Sindicato veio, de forma ardilosa e disfarçada, tentar enganar a ANTRAM e os portugueses". Acrescenta que
os trabalhadores não aceitam levantar o pré-aviso de greve, "mantendo esta chantagem e pressão inaceitáveis, com a qual a associação não está disponível para negociar".

"É pois uma tentativa frustrada de tentar lavar a cara perante a população portuguesa quando na verdade o que este sindicato quer – como aliás sempre quis – é ir para a greve sem olhar aos portugueses e ao país", concluem os patrões.