Sociedade

Angola e Portugal iniciam contactos para honrar soldados portugueses mortos na guerra colonial

Ministro da Defesa português, João Gomes Cravinho, sublinha que o objetivo “não é distinguir entre portugueses e angolanos”, mas sim “honrar aqueles que morreram no cumprimento dos seus deveres”

ANTÓNIO COTRIM/Lusa

Os governos angolano e português iniciaram esta terça-feira contactos para honrar os soldados portugueses que morreram em território angolano durante a guerra colonial e que "não foram devidamente reconhecidos", informou o ministro da Defesa português, João Gomes Cravinho.

O governante português, que se encontra em Luanda para uma visita de três dias, no âmbito da sua participação na 19.ª reunião de ministros da Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), foi recebido pelo ministro angolano dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, João Ernesto "Liberdade".

À saída do encontro, João Gomes Cravinho referiu que não há ideia do número de soldados portugueses tombados em Angola, salientando que o objetivo "não é o de distinguir entre portugueses e angolanos", mas sim "honrar aqueles que morreram no cumprimento dos seus deveres".

"Temos aqui em Angola seguramente muitos soldados portugueses do período da guerra colonial e até de períodos mais antigos que não foram devidamente reconhecidos", disse João Cravinho.

Segundo o ministro, é uma responsabilidade de Portugal reconhecer aqueles que morreram no cumprimento dos seus deveres e, nesse sentido, agradeceu a abertura do Governo angolano "para acolher o interesse português em dignificar os cemitérios onde se encontram enterrados esses mortos".

"Vai agora começar esse trabalho e ao longo dos próximos tempos. Já em junho virá uma equipa da Liga dos Combatentes para começar a fazer o levantamento e organizar um plano - e ao longo dos próximos anos iremos fazer esse trabalho de dignificação dos cemitérios", frisou.

Por sua vez, o ministro angolano dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria declarou que este primeiro contacto entre os dois governos vai permitir que Angola possa receber a delegação portuguesa que vai iniciar a identificação das campas onde repousam os restos mortais de soldados portugueses tombados em Angola durante a guerra colonial.