Sociedade

Governo aprova requisição civil de enfermeiros apenas em quatro hospitais

Anúncio foi feito pela ministra da Saúde. “Estamos em crer que não tínhamos mesmo outra opção”, afirmou Marta Temido em conferência de imprensa. O Executivo “decidiu proceder à requisição civil, de forma proporcional e na medida do necessário”. Ou sejia, para já apenas em quatro hospitais

MIGUEL A. LOPES/GETTY

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira uma resolução que reconhece a necessidade de requisição civil dos enfermeiros face à greve em blocos operatórios. O anúncio foi feito esta tarde pela ministra da Saúde, Marta Temido, que admitiu que o Governo não teve alternativa para travar esta paralisação que decorre há uma semana.

“Face a situações de incumprimento dos serviços mínimos reportados em diversos hospitais” e “sem prejuízo do direito à greve, o Governo optou pela requisição civil”, afirmou a governante em conferência de imprensa.

“Estamos em crer que não tínhamos mesmo outra opção. Sendo uma opção de último recurso, será agora por portaria que se definirá o respetivo âmbito”, acrescentou a ministra. Ainda assim, sabe-se já que a medida será aplicada em apenas quatro hospitais. Marta Temido disse já à Renascença que a requisição civil só abrangerá as unidades onde os serviços mínimos não estão a ser cumpridos: o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, o Centro Hospitalar Universitário do Porto, o Centro Hospitalar Universitário de São João e o Centro Hospitalar de Tondela-Viseu.

Em comunicado, o Executivo refere que “tendo-se verificado o incumprimento da obrigação de prestação de serviços mínimos, o Governo decidiu proceder à requisição civil, de forma proporcional e na medida do necessário, de modo a assegurar a satisfação de necessidades sociais impreteríveis no sector da saúde”.

A ministra da Saúde já tinha admitido que o Governo poderia avançar com uma requisição civil para travar a greve dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos de sete centros hospitalares, que decorre desde 31 de janeiro e que se prolonga até 28 de fevereiro.

“Queremos agir com a firmeza necessária, mas com a justiça devida. Chegámos ao limite daquilo que podíamos aceitar. Se for necessário, iremos utilizar esse instituto jurídico”, disse recentemente Marta Temido.

A governante insistiu sempre que o Governo poderia recorrer a “todos os instrumentos” que, num Estado de Direito, permitem que todos os “cidadãos não fiquem reféns de reivindicações profissionais que, por muito legítimas que possam ser, não podem capturar o próprio Estado”.