Sociedade

Sindicato ameaça processar hospitais que marcarem faltas injustificadas aos enfermeiros em greve

“Todos os hospitais que marquem falta injustificada aos enfermeiros que não compareçam ao serviço por estarem a cumprir os cinco dias de greve iniciados esta segunda-feira vão ter os serviços jurídicos do sindicato à perna”, disse à Lusa Emanuel Boieiro do Sindicato dos Enfermeiros

O Sindicato dos Enfermeiros (SE) vai processar judicialmente todos os hospitais que marquem falta injustificada aos enfermeiros que esta segunda-feira estão em greve, começando pelo Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse fonte sindical.

Emanuel Boieiro, do SE, disse à agência Lusa que "todos os hospitais que marquem falta injustificada aos enfermeiros que não compareçam ao serviço por estarem a cumprir os cinco dias de greve iniciados esta segunda-feira vão ter os serviços jurídicos do sindicato à perna".

Junto a centenas de enfermeiros que protestam esta segunda-feira frente ao Hospital de Santa Maria, Emanuel Boieiro disse que este será o primeiro hospital a ser visado pelos serviços jurídicos do SE, uma vez que, segundo disse, "está a marcar faltas injustificadas aos profissionais em greve".

A orientação da tutela foi no sentido das instituições marcarem falta aos profissionais que não trabalhem nestes dias, alegando que a greve foi marcada de forma irregular.

Questionado sobre esta irregularidade, Emanuel Boieiro disse não querer saber: "Não interessa o que alegam. Informámos através da comunicação social que esta greve se ia realizar".

"Juntos somos mais fortes"

"Juntos somos mais fortes" e "Não à discriminação, ameaças é que não" são algumas das frases escritas nos cartazes empunhados pelos enfermeiros, que estão concentrados no passeio frente à entrada principal do Hospital de Santa Maria, alguns deles já na estrada, o que obriga as viaturas que passam por este acesso a abrandarem.

Interrompido por estridentes ovações, este grupo de enfermeiros tem vindo a crescer ao longo da manhã, tendo mesmo cortado, pelas 10:00, uma das faixas de rodagem junto ao hospital.

Os enfermeiros envergam t-shirts com algumas das palavras de ordem que marcam este protesto, nomeadamente "Basta".

"Chega de exploração" e "Não somos licenciados de segunda" são algumas das frases que se têm ouvido nesse protesto.

Os enfermeiros iniciaram esta segunda-feira uma greve de cinco dias contra a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de atualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.

A greve foi marcada pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e pelo Sindicato dos Enfermeiros (SE) para o período entre as 00h desta segunda-feira e as 24h de sexta-feira.

Os enfermeiros reivindicam a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros, mas a Secretaria de Estado do Emprego considerou irregular a marcação desta greve, alegando que o pré-aviso não cumpriu os dez dias úteis que determina a lei.

Apesar disso, os enfermeiros mantiveram a greve nacional, invocando a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de atualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.