Exarp. Assim se dá a volta à palavra praxe. O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, não quer dar apenas a volta na forma como se escreve, quer dar a volta e mudar a praxe. Esta sexta-feira é lançado o Exarp, um site para incentivar a “tolerância e emancipação dos estudantes do ensino superior através de iniciativas diversas” sem “condicionar o modo como interagem, convivem ou se divertem”.
“Tudo farei para dar a volta à praxe, valorizando as iniciativas que já hoje procuram promover a liberdade e emancipação dos jovens, assim como estimulando a criação de novas atividades que permitam a integração harmoniosa de estudantes no ensino superior, assim como a relação entre os estudantes e as suas instituições com a sociedade civil”, escreve Manuel Heitor numa carta para “todos os dirigentes académicos e estudantis”, que anuncia também o lançamento do Exarp.
Após a publicação do relatório “A Praxe como Fenómeno Social”, o ministro defendeu a criação de alternativas de integração dos estudantes no ensino superior que passem por atividades ligadas à ciência, à cultura e ao desporto. É preciso “dar a volta às praxes” e estimular a “abolição total das práticas humilhantes” que ainda as caracterizam.
No relatório, entre as várias recomendações ao Governo, está a sugestão de que se “impeça o financiamento público de atividades de praxe académica, nomeadamente através do financiamento indireto” a “associações académicas e de estudantes” e o pedido de manutenção de uma linha gratuita de apoio a vítimas de violência no contexto das praxes académicas, que deve garantir aconselhamento jurídico.
É na sequência da publicação e do debate que surge o novo apelo: usar a ciência, a cultura e outras iniciativas de âmbito cívico, social ou desportivo para dar as boas-vindas aos caloiros. O Exarp é uma plataforma de partilha de atividades criado pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), em parceria com a Ciência Viva.
“As manifestações de abuso, humilhação e subserviência a que infelizmente ainda assistimos entre grupos de estudantes, sejam no espaço público ou dentro das instituições, afetam a credibilidade do ensino superior e conflituam com a missão e o propósito daqueles que o frequentam. A valorização das tradições académicas, mesmo quando existentes, não pode legitimar que se humilhe e desvalorize a autoestima dos mais novos”, acrescenta Manuel Heitor, que acredita que “será possível mudar consciências e desfazer mitos, consumando o objetivo de dar a volta à praxe”.