Sociedade

Norte-americano que matou leão Cecil é caçador reincidente

Condenado pela morte de um urso negro nos EUA, Walter James Palmer também respondeu em tribunal por pescar sem licença

Junto ao consultório de James Palmer, no Minnesota, manifestantes concentram-se numa ação de protesto, na quarta-feira
ERIC MILLER/ REUTERS

Não é a primeira vez que mata animais de grande porte de forma ilegal. O dentista norte-americano que anda nas bocas do mundo por ter abatido Cecil, o mais famoso leão do Zimbabué, já foi condenado no seu país por ter participado na morte de um urso negro no estado do Wisconsin, em 2006. Mas o seu cadastro não fica por aqui: em 2003 já tinha sido condenado pelo tribunal do Minnesota por pescar sem licença, além de ter sido também - num processo de outra natureza - acusado de assédio sexual.

Walter James Palmer está realmente em maus lençóis. Ainda que alegue ter morto Cecil sem saber que o leão era, de facto, um animal protegido e se defenda garantindo estar convencido da legalidade da caçada, a forma como o animal foi morto (primeiro atingido com uma flecha e mais tarde, à noite, atraído para fora da área da reserva onde vivia e abatido a tiro) e o perfil que aos poucos dele vai sendo traçado nos media, não o ajuda.

Segundo o próprio, Palmer já se colocou à disposição das autoridades norte-americanas e do Zimbabué, ainda que - por enquanto - apenas tenham sido presentes ao tribunal do país africano o caçador profissional Theo Bronkhorst e o proprietário do terreno de caça Honest Ndlovuum, que arriscam uma pena de até 15 anos de prisão caso sejam condenados. Os dois acompanhavam o dentista quando Cecil foi abatido e são acusados de “conivência”.

James Palmer, à esquerda, junto a um leão abatido noutra caçada, numa foto publicada no seu Facebook
DR

Entretanto, documentos judiciais vieram a público, mostrando que Palmer não é um estreante em matéria de caça ilegal. Por ter participado na morte de um urso negro no estado de Wisconsin, em 2006, o dentista foi condenado ao pagamento de uma multa de 3000 dólares (cerca de 2700 euros) e a um ano de liberdade condicional.

O processo judicial explica que James Palmer tinha de facto autorização para caçar numa determinada área de Wisconsin, mas o grupo de caçadores que integrava abateu o urso fora dessa zona, numa região a cerca de 65 quilómetros do perímetro legal. Ao darem conta do que tinham feito, descreve a “CNBC”, os caçadores transportaram a carcaça e fizeram o seu registo prestando falsas declarações, depois de combinarem dizer que a morte ocorrera em terreno autorizado.

Anterior é a condenação por pescar sem licença, episódio nocorrido em 2003 no estado onde reside, Minnesota.

Outro processo envolve uma acusação de assédio sexual, apresentada por uma antiga funcionária, segundo refere a agência AP. Neste caso, Palmer admitiu conduta imprópria e indemnizou a antiga rececionista em 127 mil dólares (115 mil euros).