Estabilizada a adrenalina da noite de domingo, quando a montanha-russa ‘ganha a AD, ganha o PS’ deixou os batimentos cardíacos em esforço no palácio cor-de-rosa, o Presidente da República prepara-se para gerir o rescaldo das eleições que dividiram o país político em três, num estilo que terá semelhanças com aquele que adotou em 2016 ao chegar a Belém. Na altura, quando herdou de Cavaco Silva uma atmosfera de fratura e ressentimento à direita contra a ‘geringonça’ montada por António Costa à esquerda, Marcelo pôs a magistratura das pontes e afetos a carburar e jogou tudo na descrispação. Agora, oito anos depois, com a sua família política (finalmente) no poder mas entalada entre um PS que quase empatou com a AD e uma direita radical e populista que foi quem mais ganhou com a mudança, o Presidente que dissolveu duas vezes o Parlamento em dois anos sabe estar diretamente ligado à enorme instabilidade política saída destas eleições e, para evitar somar mais perturbação, resta-lhe uma saída: tentar reposicionar-se como guardião da estabilidade possível, num quadro de altíssimo risco para um Governo minoritário que só por milagre chegará ao fim.
Exclusivo
Marcelo sonha com AD a resistir até às presidenciais
Presidente. Após ter acionado duas ‘bombas atómicas’ que viram o Chega disparar, Marcelo espera agora evitar uma terceira dissolução. Com menos poder, resta-lhe tentar descrispar o ambiente