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Jornalistas parados também são notícia

Os jornalistas já não paravam em peso há 42 anos. No caderno das reivindicações constam as melhorias de salários

A adesão à greve geral de quinta-feira foi “muito significativa e forte”, contou ao Expresso Nuno Viegas, jornalista no “Fumaça” e um dos autores de uma carta aberta sobre as condições da profissão. Mais de 40 meios de comunicação social nacional e regional pararam totalmente. “A RTP Açores não fez ‘Jornal da Tarde’. O das 13h caiu completamente. Nas rádios Antena 1 e TSF não houve noticiários desde as zero horas.” Na publicação online das grandes redações, também foi “muito notória” a mobilização dos trabalhadores. No “Diário de Notícias”, a paralisação foi de quase 100%, e o jornal “Público” apresentou “uma quebra muito grande da produção”, acrescenta Nuno Viegas. No “JN”, a quantidade de jornalistas em greve aproximou-se dos 95%. A agência Lusa fechou a linha durante a madrugada. No site do Expresso também foi sentido um menor fluxo de informação. Metade da redação do “Observador” aderiu à greve. Na RTP em Lisboa, esse número foi ainda mais expressivo: 85% dos jornalistas pararam. Estavam marcadas concentrações em Lisboa (às 18h), Porto (às 12h), Ponta Delgada (12h) e Coimbra (9h), mas houve quem quisesse reunir-se em outros pontos do país. Representantes do PCP, do BE e do Livre marcaram presença. “Temos claramente esse apoio”, salientou Nuno Viegas. Baixos salários, precariedade e a degradação das condições de trabalho do sector foram os motivos invocados para a greve. O Sindicato dos Jornalistas apontou que a atualização dos ordenados deveria rondar os 10%, para cobrir a inflação. A comunicação social não parava de forma massiva desde 1982, mas, nessa altura, a realidade era muito diferente, como lembra o jornalista Nuno Viegas. “Foi uma greve de três dias, e o papel era uma coisa mais premente. Várias publicações pararam.” Quebrado o paradigma, não ficam de parte novas paralisações.