Entraram os dois sorridentes, lado a lado, orgulhosos do negócio que estavam prestes a explicar ao país: o Norte desafiava o statu quo da capital, naquele que seria — e continuaria a ser — o maior negócio de sempre feito em Portugal, que chegou aos €11,8 mil milhões, envolvendo a então mais importante empresa portuguesa. A oferta pública de aquisição (OPA) da Sonae sobre a Portugal Telecom (PT) era uma ousadia. Belmiro e Paulo Azevedo não poderiam estar mais felizes naquele fim de tarde de 6 de março de 2006, quando detalharam, em conferência de imprensa, uma operação preparada em segredo durante um ano, e que seria financiada pelo espanhol Santander. A ideia tinha sido de Paulo Azevedo. A estratégia estava bem montada: a espanhola Telefónica, uma ameaça permanente, não iria avançar com uma OPA concorrente — a Sonae estava disposta a ceder-lhe o controlo da brasileira Vivo — e Bruxelas questionava a golden share (ações com direitos especiais) do Estado português.
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A OPA sobre a PT, a ousadia de desafiar o statu quo e a desilusão
Paulo Azevedo tnha 40 anos quando a Sonae avançou com uma ofert apública de aquisição (OPA) sobre a Portugal Telecom. Confrontou os poderes instalados, num negócio de €11,8 mil milhões, que acabou chumbado antes de chegar ao mercado