A 17 de maio de 2014, três anos e 12 avaliações depois, o cronómetro digital de Paulo Portas, que contava os meses, dias, horas, minutos e segundos até à saída da troika tocou. Comissão Europeia (CE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE), que tinham chegado com um ambicioso programa de reformas estruturais do Estado e cortes na despesa saíram a cantar vitória com o regresso do país aos mercados. Deixaram ficar uma má memória com uma longa lista de privatizações, cortes orçamentais e redução de direitos laborais. Mas, sublinham os defensores, também empréstimos baratos ao Estado, uma economia que passou a exportar mais e um relativo consenso quanto à importância de contas equilibradas.
Chegados a 2024 há cortes orçamentais que foram revertidos e sequelas que demoram a sarar, como o êxodo dos jovens, os níveis mínimos de investimento público, e a desnatação de sectores do Estado, como a educação ou a saúde. O balanço da intervenção externa e do papel da troika no país ainda não foi bem digerido, como nos lembra uma recente escaramuça entre Paulo Portas e Pedro Passos Coelho sobre a inevitabilidade das opções políticas que ambos tomaram na altura.