Sobre a evolução das cidades face ao uso dos materiais de construção, e não só, a leitura dos livros do historiador, sociólogo e filósofo norte-americano Lewis Mumford torna-se obrigatória, desde a obra incontornável “Técnica e Civilização”, escrita em 1934, até “Às Transformações do Homem”, em 1956, ou “A Cidade na História” de 1961, entre tantas outras. Através do entendimento da história da urbanização e da relação dos materiais com a mesma, percebemos como se desenrolaram as dinâmicas da ocupação do espaço, individual e colectivo, que marcam as cidades onde ainda vivemos e que teremos de actualizar, não só por uma questão de sobrevivência mas também porque, como nos diz Mumford, “as cidades são a grande criação da Humanidade”.
O tijolo é peça fundamental desta dinâmica e acompanha a nossa evolução, estima-se, desde 7000 a.C., segundo vestígios arqueológicos encontrados em escavações na Turquia e no Egipto. O design deste material de construção é de um minimalismo e contenção impressionantes: tratou-se de dar forma a um tipo específico de lama e de o deixar secar ao sol, criando pequenas peças modulares e resistentes. O acto de manusear um material argiloso, usando água, e de o definir num modelo que pudesse ser expandido através do desenho de um padrão tridimensional e resistente, mas adaptável, revela não só a criatividade do espírito humano como também a nossa capacidade de entender aquilo que a natureza nos dá e de a transformarmos. A forma de nos protegermos e de habitarmos o planeta Terra muda por completo com esta invenção, que teve depois múltiplas variantes em várias geografias e culturas, mantendo no entanto sempre os mesmos princípios básicos.