Londres não pertence ao Reino Unido, penso, é quase um país por si só. Com ingleses, claro, mas se há cidade cosmopolita e de identidade feita de somas e multiplicações é esta. A percentagem de pessoas que vivem nesta grande urbe e não escolheram o ‘Brexit’ diz-nos de forma clara o que Londres quereria, mas a capital obedece às regras de uma escolha de uma maioria ganha à justa, num país que se separou de uma proposta de Europa. Se o sentimos quando lá vamos, sim, nas coisas práticas. Mas não no espírito múltiplo e aberto que sempre marcou esta cidade, esse está lá.
Poucas são as vezes em que indo a Londres não entro numa das lojas de Paul Smith. Conheci-o uma vez, estava à porta da sua loja no Soho, em Beak Street, e conversámos. Elegante, positivo, curioso, com aquele sentido de humor inglês único, sir Paul Brierley Smith, nascido em 1946, é um designer de moda cujos interesses ultrapassam largamente este universo, o que se vê nas suas lojas, que além da roupa, onde as riscas são marca identitária, se encontram objectos, livros, candeeiros, móveis e muitas vezes, obras de arte. E, claro, naquela coisa indefinível que é o gosto, o gosto de alguém criativo e inspirador e que o transmite através do seu design, mas também, e muito, através do que nos mostra. Paul Smith, ao longo de uma carreira longa e colorida, tem apresentado e lançado muitos outros criadores, criando nos seus espaços zonas híbridas, tangentes aos das galerias de arte ou de design. Visito as suas lojas em vários locais, a roupa repete-se, como é natural, são os objectos e os designers ou artistas apresentados que me atraem.
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