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Mais de metade da população da UE tem pré-obesidade e obesidade: “Não nos podemos focar só no peso, o importante é a saúde”

Mais de metade da população da União Europeia (53%) tem excesso de peso e em Portugal a fatia é ainda maior (56%). Desde os genes ao ambiente, a pré-obesidade e a obesidade são influenciadas por fatores complexos e estão associadas a centenas de patologias

Daqui a 12 anos mais de metade da população mundial (51%) terá peso a mais. Mais do que uma estimativa, trata-se de uma previsão da Federação Mundial de Obesidade divulgada há três meses. Na União Europeia, esta estatística não só é real como já foi ultrapassada: pelo menos 53% da população tem excesso de peso (o que inclui a pré-obesidade e a obesidade), mostram os últimos dados divulgados pelo Eurostat, referentes a 2019.

Um dos indicadores amplamente utilizados para detetar casos de peso a mais — e a menos — é o índice de massa corporal. O IMC “é o peso [em quilogramas] sobre a estatura [em metros] ao quadrado” e é uma “medida importante” mas “nada nos diz sobre a composição corporal de uma pessoa”, afirma a endocrinologista Paula Freitas, ex-presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO). E explica porquê: dois indivíduos podem ter exatamente o mesmo IMC mas um é musculoso e praticamente não tem gordura, enquanto o outro tem muito tecido adiposo e pouco músculo.

O índice de massa corporal tem um valor de referência considerado ideal: se o resultado se situar entre os 18,5 e os 24,9, considera-se que a pessoa tem um “peso normal”. Resultados abaixo ou acima destes valores significam “baixo peso” (quando o IMC é inferior a 18,5), “excesso de peso” (superior a 25) e “obesidade” (igual ou superior a 30). “O nosso corpo está preparado para ter x quilos por metro e à medida que o IMC vai aumentando, os riscos para a saúde aumentam também”, diz a nutricionista clínica Ana Vieira, acrescentando que não se trata de “uma cultura de magreza mas sim de saúde”.