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Teatro & Dança

Teatro: “Amor de Perdição” no Carlos Alberto, da retórica e das lágrimas

Como encenação de Maria João Vicente, “Amor de Perdição” é o resultado de dar a ver, num palco, e sem a desvirtuar, uma obra fundamental da literatura portuguesa, de Camilo Castelo Branco. Até dia 10 no Teatro Carlos Alberto, no Porto

A novela de Camilo é uma narrativa do amor contrariado e funesto entre duas personagens, Teresa de Albuquerque e Simão Botelho
Tuna TNSJ

O espetáculo “Amor de Perdição” resulta de uma confluência de vontades: do Teatro do Bolhão, do Teatro Nacional de São João, da encenadora Maria João Vicente. E, ainda, de Constança Carvalho Homem, responsável pela dramaturgia. Por estas instâncias circularam o desígnio de apresentar dramatizações de obras fundamentais da literatura portuguesa; o gosto por Camilo Castelo Branco; e o gosto, não menor, pelo romance — a novela, antes — “Amor de Perdição”. Nas palavras de Maria João Vicente, e de acordo com os desígnios programáticos em jogo, tratava-se de dar a ver o livro de Camilo, agora sob a forma de espetáculo. Desde logo, houve uma ideia fundamental; a saber, respeitar a linguagem camiliana; uma obra feita de palavras não é a mesma obra se as palavras forem mudadas, e como alteração maior existia, desde logo, a expressão. De uma obra que se lê, passava-se a uma obra que se vê e que se ouve. Se o texto escrito convoca, muitas vezes, à sua leitura, uma dimensão performativa, neste caso essa dimensão era, e foi, determinante.