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A Revista do Expresso

A bizarra história do assassínio de Shinzo Abe, o antigo primeiro-ministro do Japão

O homicídio do ex-primeiro-ministro do Japão, durante um comício eleitoral na cidade de Nara, abriu feridas profundas na sociedade japonesa. O principal suspeito quis vingar-se de uma poderosa Igreja sul-coreana que levara a sua mãe à ruína

CERIMÓNIA Akie Abe, viúva do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, curva-se diante do altar no funeral de Estado que decorreu em Tóquio a 27 de setembro de 2022

Robert F. Worth / “The Atlantic”

Na última manhã da sua vida, Shinzo Abe chegou à cidade japonesa de Nara, famosa pelos seus pagodes ancestrais e veados sagrados. O seu destino era mais prosaico: um amplo cruzamento urbano em frente da principal estação ferroviária da cidade, onde iria participar num comício da campanha eleitoral para o parlamento japonês (Dieta). O ex-primeiro-ministro tinha-se reformado dois anos antes, mas como detinha o recorde do mandato mais longo de um primeiro-ministro em funções do Japão, o seu nome tinha um peso enorme. Estávamos no dia 8 de julho de 2022.

Em fotos tiradas da multidão, é possível ver o político — facilmente reconhecível pelo seu cabelo ondulado e penteado para trás, sobrancelhas negras e sorriso fácil — a subir para um pódio improvisado por volta das 11h30, com um microfone na mão. Está rodeado por um grupo de apoiantes. Ninguém nas fotos parece reparar no jovem, cerca de 20 metros atrás, vestido com um polo cinzento e calças cargo, uma alça preta ao ombro. Ao contrário de todos os outros, o homem não está a bater palmas.